sábado, 16 de março de 2019

Apocalypse Now (DV-42)

Esse filme, Apocalypse Now, foi a primeira coisa que me veio à cabeça com mais uma tragédia que colecionamos nos últimos tempos, estão se emendando tanto, que, se as reportagens se dedicassem a fundo em cada uma delas, certamente não teriam tempo para todas. Daí uma vai se sobrepondo às outras, retirando umas de pauta à medida que vão repercutindo menos.
Mas não deixa de ser tragédia, e, invariavelmente, estamos com famílias sofrendo muito, de forma muito dolorosa, esse caso de Suzano, pior, nem é muito novidade, mas não importa, cada vez que acontece é muito chocante, desta vez não estamos na rota da natureza, em deslizamentos, enchentes ou tsunamis, nem há erro de engenharia de uma boate sem portas ou para criar um mar de lama, são jovens, brasileiros, também filhos de famílias provavelmente “normais”, fazendo uma ocorrência que nunca há de ser digerida, não há explicação para isso.
Fazem um paralelo com as questões do bullying, infelizmente muito comuns nos EUA, mas pesquisas também alertam sobre as influências de jogos virtuais violentos. Uma das primeiras preocupações foi com os desafios macabros que rondam as redes sociais, onde os jovens são incitados a se mutilarem levando alguns ao suicídio, diversos casos reais.
Estudiosos dizem que, nesses casos, o melhor é um amplo diálogo, ouvíamos antigamente que devemos aproximar e não empurrar os filhos para a rua, não há a menor segurança com o que vão encontrar como parceiros. E agora? O inimigo é convidado a entrar nos lares, de forma virtual.
Ainda que seja complicado, a regra é a mesma, não desistir nunca da educação deles, os professores andam muito assustados, têm a tese que o primário, o básico, é aprendido em casa.
O filme que refiro, Apocalypse Now, é um cult movie, ou épico como dizem, tem três versões enormes, e foi dirigido por Copolla, tinha entre grandes artistas, como Robert Duvall e Martin Sheen, e Marlon Brando em uma de suas últimas aparições. Talvez tenha me lembrado dele, neste momento, pelos conflitos que a violência causa nas personalidades,  com o requinte de crueldade do ataque a uma escola com os sons de metralhadoras e mísseis atirados,  misturados com a música Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner. Assistam depois me contem.
O crítico Roger Ebert analisa que o filme não é só sobre a famigerada guerra dos EUA com o Vietnã, mas como às vezes se chega ao "lado mais escuro da alma, com verdades que nunca gostaríamos de descobrir”. 
Em Suzano, os dois causadores dessa inominável tragédia não serão julgados na Terra, já a população - aqui ou onde sempre acontece, busca explicações do "onde será que erramos" e do "porque isso não pode ser evitado". 

Estar nesse roteiro tira o Brasil, de novo, da comodidade do aqui nunca acontece. 
Que pena, que medo.

Referência: 42.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 16/03/2019 - (DV-42)

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