terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Jesus alegria dos homens (DV-80)

Jesus Alegria dos Homens é uma música que nos encanta, foi composta por Johann Sebastian Bach em 1716. Faz parte de uma cantata - instrumental e coro, sendo o décimo e último movimento, quando o coral faz o gran finale. Ela foi adaptada e apresentada  em Leipzig em 2 de julho de 1723, na Festa de Visitação da Virgem Maria (para Isabel).Só aí já temos um fato significativo, a festa comemorava a Anunciação, momento em que Maria é avisada pelo arcanjo Gabriel que daria a luz a uma criança especialmente enviada por Deus. Corre para Hebron para visitar e contar a novidade para sua prima Isabel, que também estava grávida, de João Batista. As duas ao se abraçarem faz com  que João Batista estremeça, sentindo Jesus, provocando que Isabel diga - Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de seu ventre!A composição de Bach exalta nessa décima parte - Jesus continua sendo minha alegria, o conforto e a seiva do meu coração,  refreia a minha tristeza. Ele é a força da minha vida, é o deleite e o sol dos meus olhos, o tesouro e a grande felicidade da minha alma. Por isso eu não deixarei ir Jesus do meu coração e da minha presença.Mas a música não se limita à Anunciação, faz um alerta à raça humana, tão presa às más influências e ao materialismo, informando que só o Cristo a libertará. No 4.o movimento os versos dizem que a mão do altíssimo sempre estará “em favor dos mansos e dos humildes”, e que os poderosos serão retirados de seus tronos “pelo Altíssimo”. Nem tudo eram rosas para os compositores dessa época, sobreviviam contratados por famílias imperiais e, invariavelmente, por líderes religiosos, que sempre tentavam influenciar nas obras. Isso está bem expresso no filme Amadeus (1984) com os dramas vividos por Mozart, cult movie de Milos Forman imperdível, um dos mais premiados da história.Apesar de luterano ortodoxo, Bach gostava de dar umas fugidas e apresentar músicas mais populares, o que ele chamava de “legítimo divertimento do espírito”, sua obra acaba recheada também desse tipo de música.De nossa parte te desejamos um Feliz Natal! Ouça a música, com letra traduzida, e veja nosso cartão: https://bit.ly/2EAxIHf.

Referência: 80.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 21/12/2019 - (DV-80)

O relógio reluz ao sol (DV-78)

O apego à história certamente está no envolvimento que você tem com ela, claro que é cultural. A reinauguração do Relógio do Sol vai muito além de um simples romantismo, estamos falando de um momento vivo, ele não mede batimentos cardíacos como os relógios atuais, mas viu e mostrou o passar das horas por 132 anos na nossa cidade, é muito representativo. Fruto de inúmeros trabalhos científicos, é necessário estudar muito para entendê-lo na íntegra.
Traçando uma linha do tempo vemos que, quando foi inaugurado em 11 de abril de 1887, ainda não havia sido proclamada a república, o resto da história você conhece. A população era de aproximadas 9.000 pessoas, menos que as transitam pelo complexo central da cidade hoje, e, felizmente, um ano depois, em maio de 1888, seria abolida a escravidão para 1400 dessas almas.
Olha ele aí.... acompanhando a construção da futura Catedral

A igreja matriz começou a ser construída em 1809, uma casinha, o templo atual começa a ser erigido em 1898, doze anos depois do Relógio. Ainda em obras teve a primeira missa em 1913, mas só iria ser inaugurada em 1926. É comum publicarem fotos com as obras da atual matriz e o Relógio ali firme, só prestando atenção no seu crescimento.
Na semana passada brinquei que o Monsenhor Rosa certamente esteve na inauguração em 1887, agora é certeza, foi ele que trouxe para Franca o padre Germano - um cientista francês radicado no Brasil. De forma curiosa ele une César Augusto Ribeiro,  maçom português, um dos que editavam o jornal O Nono Distrito, e o padre Cândido Rosa, para que ele viesse a ser construído, foi um pacificador na rixa que reinava entre ambos. Também teve papel importante na vinda das irmãs que fundariam o Colégio de Lourdes, depois o Colégio Champagnat, que não chegou a ver.
Frei Germano tem uma biografia vastíssima, tentou voltar para a Europa, passando pelo Vaticano, mas faleceu antes de sair do país, só com a roupa do corpo, mas até experiências pioneiras com a energia elétrica ele fez, há relatos de exibições importantes em São Paulo.

O Relógio do Sol não é monumento qualquer, ele é testemunha da história francana e do país, precisa ser preservado, estar em um roteiro oficial do turismo francano, quiçá com guias oficialmente formados.

Referência: 78.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 7/12/2019 - (DV-78)

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Franca bicentenária (DV-79)

Abril de 1956 - Franca está agitadíssima e em festas, enfim no próximo dia 24 será comemorado o centenário da cidade, pipocam nos jornais as poesias, muito comuns àquela época, tudo virava prosa e verso. Todas enalteciam os bandeirantes, os cafezais, as três colinas, o capim mimoso e o Imperador, que foi só uma homenagem, ele nunca esteve nas nossas paragens.
Nesse período houve também um concurso poético para escolher qual verso seria gravado na Água da Careta. O velho jatobazeiro infelizmente tinha caído, a praça Barão estava triste, ele ficou ali mais de 50 anos, desde o início do século.
Um versinho de meu pai, Leonel Nalini saúda a Rainha do Centenário, Ana Maria Minervino - dizia que as flores nos jardins iam abrindo enquanto ela passava. A miss Franca era Raquel Ribeiro.
Ah, não poderia faltar o selo comemorativo com a matriz e o Relógio do Sol, você tem um? No hino do centenário Jaime Bruna exalta o lado “paulista" do francano que não aceitou ser incorporado pelo sul de Minas, Sou Leal ao Meu Povo Paulista, brada, está em latim no brazão da cidade.
O governo paulista ajuda com 250 mil cruzeiros as comemorações e um belo desfile com todas as escolas é realizado. 
A Santa Casa de Misericórdia, com benção religiosa e tudo mais, inaugura o seu primeiro aparelho de raio x. A Casa Hygino - o ML da época, já tinha comemorado 100 anos também e se considerava um loja moderna, e era.
Só que não!
Mais recentemente verificou-se que, na verdade, a autonomia do povoado foi conquistada em 28 de novembro de 1824, quando ganhou o status de Vila Franca do Imperador, então - em tese - o centenário devia ter sido comemorado em 1924 e não em 1956.
No próprio site da Prefeitura, nas páginas dedicadas à  história, é registrado sobre a elevação à cidade em 1856: "mas esse não passa de um título honorífico, pois é com a criação da vila (1824) que o arraial adquiriu autonomia”. Daí justifica-se a mudança  feita na data de aniversário da cidade.
É um bela e inocente confusão histórica.

Daqui há 5 anos comemoraremos o bicentenário, quem participou das comemorações em 1956 poderá dar um salto de 100 anos em muito menos tempo.


Referência: 79.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 14/12/2019 - (DV-79)

Monsenhor Rosa, o político (DV-77)

        Sempre pensei em escrever sobre os personagens que batizam as ruas da cidade, fazendo uma pesquisa vi uma menção da forte atuação de Monsenhor Rosa, tanto como clérigo, como político. Ordenado em 1860 o padre jacareiense Cândido Martins da Silveira Rosa vem para Franca com apenas 22 anos e atua aqui por 43 anos, quando falece em 1903.

Monsenhor Rosa
        Ele participa de um movimento que ressuscitava o Concílio de Trento (1545-1563) para a romanização do catolicismo, que estava se dispersando, e também tentar barrar o crescimento do protestantismo, já se via a maçonaria e o espiritismo pelo retrovisor. Nesse caso constatou-se depois que não havia razão para se preocupar. Também o Renascimento e o Iluminismo - pós inquisição, vinham dando um tom moderno ao mundo, isso conflitava com os princípios da Igreja.
        A educação religiosa em Franca deve muito a Monsenhor Rosa (1), era necessário manter a moral de seus fiéis, doa em 1888 terreno para a construção do colégio Nossa Senhora de Lourdes e, já no fim da vida, em 1902, colabora para a vinda do Colégio Champagnat. Inspirar aos jovens o amor à religião, contrair hábitos de ordem, modéstia e trabalho, enfim - "ornar o seu espírito com uma instrução apropriada à sua idade”, como consta em um folheto da época. Nada mau.
        Lidera os francanos na criação da Sociedade São Vicente de Paulo (1895), na fundação da Santa Casa de Misericórdia (1897) e no início da construção da atual Igreja Matriz (1898), que não vê ser concluída em 1913.
        Em sua militância político-religiosa (2), passa a vida toda publicando artigos defendendo suas teses, e vê chegar à Franca o jornal Nono Distrito em 1882, justamente por maçons, o que fortemente amplia o debate entre conservadores e liberais. Um pouco antes (1871) havia sido fundada a primeira loja maçônica da cidade, a Amor à Virtude.
        Certamente esteve na inauguração do Relógio do Sol em 1897, mas não assiste a fundação do primeiro centro espírita por José Marques Garcia, em 1904, o Esperança e Fé, ainda hoje na rua Campos Salles. 
        Foi filiado ao Partido Conservador (3), liderado por Estevão Leão Bourroul, que também defendia a centralização do comando católico em Roma, e funda, com ajuda de Major Nicácio, o Partido Católico, mas essas são outras ruas.
Curiosidade:
Foto original de 1927

Foto colonizada por Marcelo Fradin (4)



Referência: 77.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 30/11/2019 - (DV-77)

Referências:
(1) Catolicismo em Franca:

(2) Franca e suas raízes católicas

(4) Site Amo Franca

A senha preferencial (DV-76)

Ninguém torce para ter preferência aos outros por causa da idade, claro está se tornando um idoso. Com sorte e com cuidados todos entram na adolescência, se tornam jovens e bum, rapidamente já é um adulto! Daí começa a contagem regressiva do enta, e vai ouvir - não sai mais, serão quarenta, cinquenta, sessenta anos, e por aí irá.
Elliot Jacques, canadense, sugeriu que há um estresse quando  se transita entre os 40 e os 60 anos, é a crise da meia idade. Por outro lado, os simpáticos apelidos que dão para o idoso, apenas quer dizer que ele está na terceira idade.  Eu já resolvi o meu problema, enquanto eu gostar dos Beatles vou ser um jovem!
Quando fazemos 60 anos, pelo menos comigo foi assim, evitamos utilizar a preferencialidade, primeiro com vergonha que as pessoas descubram que você já a atingiu, depois porque ela deveria ser atribuída a quem realmente precisa, mas acaba se acostumando. Antes de continuar a ler, quero dizer que a grande maioria desse serviço é excelente, mas também tem alguns micos isolados.
Nunca tinha pego senha preferencial, até que um dia, com agenda estourada, reunião por começar, fui buscar uma encomenda, pela primeira vez a peguei. Fiquei andando pra lá e pra cá, vi que as pessoas sem preferência já tinham sido todas atendidas, não aguentei e perguntei - moça tenho a senha preferencial e a fila já rodou três vezes. 
Era a minha vez, o atendimento era sentado, por uma senhora extremamente simpática, puxou um longo papo, perguntou onde eu morava, o que fazia, que simpatia… valeu o dia, a agenda estourou, uma reunião não pode ser feita com tanta preferência, rsss. Às vezes atendimento preferencial não combina com pressa.

Depois, em um cartório, nova experiência, na correria voltei a perguntar - existe preferência no atendimento? A moça disse - o senhor sente naquela cadeira com capa vermelha que será chamado. Cheguei na tal poltrona, estavam lá as figuras de uma bengalinha, da cadeira de rodas (?) e a de uma grávida, tive uma impressão muito ruim, lembrei dos judeus que eram reconhecidos pela tarja amarela, depois pensei em uma moça no início da gravidez que fosse sentar lá, pensariam, é golpe! Sentei não, fui para o fim da fila!

Referência: 76.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 23/11/2019 - (DV-76)

Desenho animado (DV-75)

Os desenhos animados revolucionaram o cinema a partir de 1930, um dos pioneiros foi o Fantasmagorie (1908), do francês Émile Cohl. No Brasil esse modelo, em longa metragem, foi inaugurado em 1953 com Sinfonia da Amazônia de Anésio Latini Filho - foi simples, ele fez à mão 500.000 desenhos, sabemos que passando isso rápido da a sensação de movimento.
Os precursores, em síntese, são Mickey Mouse, Pato Donald e cia., da Disney, Pernalonga, o "cruel" Piu-Piu, acho que vi um gatinho, e Papa-Léguas, da Warner, Popeye, Gasparzinho e Luluzinha, da Paramount, Pica-pau da Universal; Super-mouse da 20th Century Fox, Mr. Magoo da Colúmbia, Tom Jerry e a Pantera Cor de Rosa da MGM. 
É um resumo, os desenhos migraram para a televisão em 1945 nos EUA, no Brasil a partir dos anos 1950, quando o aparelho começou a ser vendido em massa.
Sentiu falta de Os 3 Porquinhos? Esse conto popular é inglês, estima-se no ano 1000, sendo adaptado para o teatro em 1383. Só ganhou autoria quando foi reescrito por Joseph Jacobs (1890). Three Little Pigs foi lançado pela Disney em 1933, ganhando o Oscar de curta no ano seguinte. Quem Tem Medo do Lobo Mau é uma composição de Frank Churchill. 
Foi a Disney que arrebatou definitivamente o encantamento mundial, de crianças e adultos, um bom exemplo é o beijo acidental dos cachorrinhos namorando e comendo macarronada em A Dama e o Vagabundo (1955). Esse longa estreia o Widescreen - tela cheia, sem bordas laterais escuras, e o CinemaScope, que potencializa as imagens, mais ou menos como reproduzir o que foi filmado com o celular em pé e deitado.
Não podemos esquecer o Branca de Neve e os Sete Anões (1937) e duas sinfonias, o desconhecido musical, mas ganhador de um Oscar, Flowers and Trees (Flores e Árvores, 1932) e o Fantasia (1940), que até hoje a Disney o reapresenta ao vivo em um show de águas em um de seus parques.  Por fim o delicado Bambi (1942), na linha do recente Touro Ferdinando (2011).

Essas animações produziram vilões maravilhosos, mas esse é um outro capítulo - o Gru, nosso Malvado Favorito, a Malévola e a madrasta da Cinderela, mas dessa eu não gosto não, é muito ruim.


Referência: 75.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 09/11/2019 - (DV-75)

Sérgio (DV-74)

Às vezes demoramos uma vida para considerar uma pessoa amiga, mas isso pode acontecer em apenas 4 meses, foi o que ocorreu com Sérgio Marques, editor do Verdade que nos deixou no último dia 28. Estava surpreso com o fato de não o ter conhecido antes, mas ele disse que me conhecia desde quando o velho Corrêa Neves ainda era vivo e eu era Delegado da Receita Federal. 
Nossa resenha começava toda quinta-feira, quando eu imaginava os assuntos para o sábado e trocava ideias com ele, adaptou os títulos para não ficarem em duas linhas e decretou - Você pode escrever sobre o que quiser, pura gentileza.
Só soube que escreveu o Francana - 100 Anos de Paixão agora, com seu falecimento, admirava muito Heraldo Pereira, do sistema Globo em Brasília, contei que, quando assessor de imprensa da prefeitura, Heraldo sempre nos procurava para fazer suas matérias em Franca para a EPTV.
Sérgio Marques foi uma amizade à primeira vista, estou triste, muito triste, mas vamos em frente, como fará a equipe do Verdade, vamos celebrar a chance de tê-lo conhecido e adotar os seus exemplos.
Adotava frases feitas, de efeito, para que eu descreve minha funções, em uma  matéria sobre finanças, veio com essa - “a presunção aumenta o risco sempre”. Seu amigo Barros Filho confirma esse pragmatismo e seu profissionalismo no cuidado com as matérias, sempre exaurindo as informações. Quando escrevi sobre Joanna D’Arc, a santa, ele  gostou e fez uma analogia muito engraçada com a homônima francana, nada demais, humor puro.
Brinquei que era único editor que lia e comentava meus artigos, achou engraçado, como não iria ler? Ele devolveu a provocação de xará, “escritor com nome bonito vale a pena”. Pinatti sempre leu e comentou, bem-vinda Kika.
Nosso último diálogo, talvez o maior, foi sobre o tema da coluna Relógios Que Salvam, disse que o filho tinha comprado um equivalente e que até chegou a pensar em voltar a usar relógios, depois de 10 anos, duvido.

Edmo Ferreira Junior, conta que, num momento de tristeza, ouviu dele - Edmo, você não é nenhum Ayrton Senna da profissão, mas está fazendo o que gosta, e ainda tem quem te paga por isso, sugerindo que agarrasse muito na oportunidade. 

Referência: 74.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 02/11/2019 - (DV-74)

Churchill, o senhor das guerras (DV-73)


Winston Churchill (1874-1965) foi escolhido pelos ingleses em uma pesquisa da BBC como o maior britânico de todos os tempos, e considerado como um dos homens mais importantes do século XX. 
Mas nem isso o isentou do efeito das “redes sociais” dá época, que explorou muito os seus defeitos, e o fazem até hoje. Não foi difícil, enfim falar de um político, que também era um senhor das guerras, prato cheio. Morreu com uma derrota de peso, depois de ser um dos maiores articuladores da vitória da 2.a Guerra, perde com os Conservadores as eleições de 1945 no Reino Unido, perdeu feio e sofreu muito por isso.
Os criticos afirmam que ele ficou longe de ser politicamente correto e de respeitar direitos humanos, um verdadeiro trator que não aceitava muito os indianos, privilegiava os brancos e até teria cometido crimes de guerra.
Ainda mais quando ele sai com essa para uma moça: - Eu posso estar bêbado, mas pela manhã eu estarei sóbrio e você continuará sendo feia.  Imagina só, nem vou falar na questão recente que envolveu a beleza de uma mulher, não tenho esse parâmetro e estamos falando de Churchill!  :-)
O que realmente chama a atenção é a análise crítica do perfil de um cidadão ganhador de guerras como fosse um pastor religioso, impossível. No fundo penso que ele foi preparado pelo “destino" ao longo da vida, tanto como parlamentar, como militar, para livrar o mundo do nazismo. Era agnóstico? Tinha que ser, ora.
Foi o único estadista na história a ganhar o prêmio Nobel de Literatura, com a edição de Memórias da Segunda Guerra Mundial. Como parlamentar foi presidente da Câmara dos Comuns, aquela que tem o curioso senta e levanta e está decidindo o Brexit, sendo também Ministro da Fazenda.
Sua relação com a rainha Elizabeth está bem documentada em muitos filmes e séries, como os imperdíveis Destino De Uma Nação e a série Crown.
Uma das críticas mais duras foi o de bombardear Dresden, a cultuada cidade alemã, deixando milhares de civis mortos e a destruição de boa parte de um riquíssimo patrimônio cultural barroco. Acusado de crime de guerra ele questionou - e as mortes dos civis ingleses causadas pelos nazistas? Em guerra ninguém ganha. 

Referência: 73.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 26/10/2019 - (DV-73)

Gentrificação - (DV-72)

Quanto vi uma notícia com esse termo fiquei meio assustado, o que será que vão fazer com a gente desta vez, imaginei algo ligado à massificação do uso de equipamentos eletrônicos ou das redes sociais. Num relance pensei - o que pode acontecer com o ser humano que o leve a gentrificar, seja o que for eu nunca me gentrificarei...
Um pouco tenso fui ler a matéria e vi que a ação já tinha sido até razão para uma manifestação - quebra-quebra mesmo em Londres, algumas pessoas não gostaram nada do início de uma gentrificação. 
Na pesquisa o suspense acabou, constatei que, na verdade, é um processo de valorização imobiliária de uma zona urbana, geralmente acompanhada da deslocação dos residentes com menor poder econômico para outro local e da entrada de residentes com maior poder econômico.
Em Londres quem causou tal reboliço foi um café com o nome de Cereal Killer,  acredita? Ele está colaborando para valorizar o bairro de Shoreditch e foi alvo de agressões sérias, uma turbe atirou tinta e objetos no local e até ameaçou atear fogo na cafeteria! Não querem que o bairro se torne um point e sejam espantados dali. O interesse aumentou com a manifestação.
O Brasil já tem casos clássicos, favelas pacificadas no Rio de Janeiro, a do Vidigal por exemplo, são hoje pontos fortes de turismo por suas belas vistas, os preços dos imóveis deram saltos incríveis e, por consequência, espantaram os moradores que não conseguiram acompanhar os custos da região, principalmente os de aluguel.
Isso tem ocorrido muito nos centros históricos das grandes cidades, quando revitalizados espantam moradores de rua, ou os que moram em verdadeiros guetos formados por casas abandonadas. O Harlem em NYC - modernizado, teve um pouco disso.
Em Ribeirão Preto o maior fenômeno foi o da obra antienchentes que deu outra vida para os locais que sempre inundavam, principalmente a Vila Virgínia, hoje próspera,  tinha pontos abandonados pelo risco de vida com bichos e doenças vindos com a água suja.

E tem como desgentrificar? Tem! De modo inverso os centros das cidades, quando abandonados, ou casos como o do Minhocão em São Paulo, o viaduto desvalorizou um linha imensa e provocou evasão em massa de quem ali morava.


Referência: 72.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 19/10/2019 - (DV-72)

Relógio salva-vidas (DV-71)

Aos poucos os relógios vão avançando nas funções dos smartphones - esses super celulares que até ‘telefonam’, rss. Apesar da necessária sincronização, alguns já tem chip próprio embutido, logo deixaremos o telefone em casa.
Em algumas áreas ele é único, nos monitoramentos de exercícios e frequência cardíaca, já faz até eletrocardiograma, e, agora, na detecção de queda violenta, conjunto que vêm salvando vidas.
Há o registro de um moço, avisado insistentemente pelo relógio que, mesmo em repouso, o batimento do seu coração estava alto, ligou para um amigo para ver se isso era normal, é sugerido a ligar para o médico, a história termina com uma bem sucedida cirurgia cardíaca.
Em outra função, Gabe Burdett contou nas redes sociais que seu pai Bud, ao cair, bateu a cabeça, e teve o serviço de detecção de queda ativado, quando ele chegou no local a emergência já o tinha levado, serviço tímido no Brasil, mas nos EUA já funciona muito bem.
Avisa ainda se no local tem poluição sonora, controla a respiração, hora de beber água e a necessidade de ficar em pé de hora em hora e para as mulheres monitora o ciclo menstrual. 
Faz estatísticas e registra os exercícios diários realizados, dando prêmios virtuais para as conquistas. Muita gente já o utiliza em catracas eletrônicas e para pagar contas por aproximação, no futuro o plástico, que substituiu o papel moeda, será substituído.
Esses serviços utilizo no Apple Watch, e indico um vídeo da empresa, em inglês, com depoimentos emocionantes, há um caso de ligação para o 911 após uma queda, de uma mãe que, quando grávida, não estava se sentindo bem e notava que seus batimentos estavam descontrolados, ao buscar auxílio foi avisada que isso estava prejudicando o bebê, e o salva, após uma  cesariana de emergência. Em caso similar, mas, por obesidade mórbida, um moço adota o ciclismo para salvar a sua vida.
Um pai, surdo mudo, conta que o relógio funciona bem como câmera de vigilância, e em um dos casos mais emocionantes, um outro pai, agora de um jovem autista, com problemas com suas corridas na escola por causa de ruídos da multidão, sincroniza o relógio com seu fone de ouvido e vai correr no campo, muito feliz.

Referência: 71.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 12/10/2019 - (DV-71)