terça-feira, 28 de novembro de 2023

Franca-SP, nas portas do bicentenário

  Você já se atentou para o que vai ocorrer no fim do ano que vem? Franca fará 200 anos! 

1956 - Público entre a fonte e a Praça Barão, comemorações centenário de Franca.


Gosto da nossa e história e digo que já fomos mais festeiros, basta prestar atenção na quantidade de pessoas na foto de comemoração do 1.o Centenário, em 1956, nesta página, eu estava presente! 

Hoje, para reunir um público desses nas duas praças centrais, só mesmo com um bom show sertanejo, e olha lá; certamente, na comemoração do bicentenário, não será possível.

Realmente, a foto é significativa. O imóvel em destaque, na esquina, era chamado de ‘Sobrado Verde’, o qual viria a ser demolido para dar lugar à construção do primeiro arranha-céu da cidade, o Edifício Franca do Imperador, entregue em 1958, dois anos depois.

Mas como Franca comemorou 100 anos em 1956 e comemorará 200 em 2024? Não seria mais apropriado que a celebração dos 200 anos ocorresse em 2056?

Este assunto é recorrente; já o abordei aqui no Verdade. No entanto, com a proximidade do bicentenário, torna-se ainda mais relevante para aqueles que apreciam a história de Franca

Observamos que não há uma regra constitucional que defina a partir de quando deve ser comemorado o aniversário de uma cidade. Os municípios tornaram-se autônomos no sistema federativo em 1988, permitindo que cada um celebre da maneira que preferir


O prefeito Onofre Gosuen não cometeu nenhum erro ao celebrar o 1º centenário em 1956; ele simplesmente seguiu a prática da época de comemorar o aniversário de Franca a partir de sua elevação à categoria de município em 24 de abril de 1856.

Só que não! Alguém chamou a atenção do prefeito Sidnei Rocha, explicando que, desde 28 de novembro de 1824, a Vila Franca do Imperador já havia oficialmente nascido. Este é, de fato, o grande marco: a emancipação político-administrativa.

Assim, Franca passa a comemorar seu aniversário a partir dessa data, retrocedendo sua idade em 32 anos. Por isso, celebra hoje seus 199 anos, e completará 200 no próximo ano.

Nessa linha de autonomia municipal, Piracicaba tem 256 anos. Seu povoado foi fundado em 1º de agosto de 1767, tornou-se Freguesia em 1768 e, em 1821, foi elevado à condição de Vila, recebendo o nome de Vila Nova da Constituição.

Se seguíssemos esse mesmo formato, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e do Rio Pardo foi fundada em 29 de agosto de 1805, sendo 'simplificada para Franca em homenagem ao Governador da Capitania, Antônio José da Franca e Horta' (fonte: site da PMF). Como já mencionado, somente em 1824 foi elevada à condição de Vila, recebendo o nome de Vila Franca do Imperador. Em 1856, alcançou o status de cidade.

Nada absurdo se, como Piracicaba, comemorássemos o aniversário de Franca a partir da criação da Freguesia, ou seja, a partir de 1805. Nesse caso, Franca teria completado 218 anos em 28 de agosto, e teríamos deixado de celebrar o bicentenário em 2005!

Deixemos a linha do tempo de lado; o que importa mesmo é que Franca é uma cidade pujante, com um povo hospitaleiro e um clima privilegiado. Além de ser reconhecida pela tecnologia de comunicação, sendo a primeira a instalar o 5G, Franca mantém-se como um parque forte na fabricação de calçados e outros produtos. Abriga também duas das maiores empresas do país: a Cocapec, no setor de café, e o Magazine Luíza, no varejo. No âmbito esportivo, destaca-se como o principal centro de basquete masculino do país, e sua culinária é de primeiríssima qualidade. Parabéns, Franca, parabéns francanos!


Matéria publicada no jornal Verdade, dia 28/11/2023 - baixe o jornal todo abaixo:






sábado, 17 de dezembro de 2022

Tudo vale a pena? ARL

            Meu pai foi poeta, saudoso Leonel Nalini, cantou Franca em prosa e verso, conviveu com os demais poetas francanos, jornalistas e radialistas. Começou a escrever após a revolução de 1932, quando ganha a maioridade, próximo dos vinte anos, e nunca mais deixa de fazê-lo. Até 1984, ainda escrevia cartas para seus amigos. Publicou muitos artigos no jornal A Cidade, de Ribeirão Preto.

         Gostava de exultar as pessoas, e, de forma singela, o amor, a dor e a flor. Crítica? Não, adorava nele quando respirava fundo e dizia - "vai suspiro viajante, vai aos pés da minha amada".

         Fui buscar para ele um verso do poeta português Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente". 

         A grande curiosidade da obra de Pessoa (1888-1935) foi ele subdividir suas personalidades em escritores diferentes. Não carece analisar a sua obra como uma só, e nem devemos, o múltiplo estilo era proposital e assim deve ficar.

         Lidou brilhantemente com isso, sua multi personalidade escondia-se na heteronímia, onde autores fictícios são criados para dar vazão a outros pensamentos, que não seriam do próprio autor.

         Efeitos assim podem ocultar o Transtorno Dissociativo de Personalidade, é só assistir Psicose (Alfred Hitchcock) ou Fragmentado, filme alucinante onde o personagem Kevin (James McAvoy) dividiu-se em vinte e três personalidades com idades, gêneros e até doenças completamente diferentes.

         Não era o caso do poeta Pessoa e não se tratava de transtorno e sim de uma maravilhosa opção autoral, veja como ele retratou isso à época: - "Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou quando menos, os seus companheiros de espírito?”

         Pessoa fazia mais ou menos o que fazemos hoje, vestimos a roupa (caráter) do lugar em que estamos, senão podemos ser julgados, rotulados e criticados, tem até riscos nisso.

         Ele foi Alberto Caieiro, filósofo complexo que nos alerta que há mais coisa nos seres humanos do que símbolos e rótulos. Já o médico Ricardo Reis, clássico de sua obra, sugere que aproveitemos (bem) os bons momentos, enfim a vida é breve. O fragmentado Bernardo Soares, cerca de 30 anos, morava sozinho e escrevia à noite, e Álvaro Campos, um pouco depressivo e angustiado com o avanço da idade, que revela o desencanto existencial, com a falsa impressão de que vivemos e não fizemos “nada”. 

         Ícone do poeta, a poesia Mar Português, descreve os sofrimentos do espírito navegador à época, os naufrágios para dobrar o cabo Bojador (Marrocos), causando muitas perdas pessoais -  "Ó mar salgado, quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal!

Para que fosses nosso, ó mar, quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar. Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena".

         Fechamos com a convicção de que por vezes nos isolamos, resvalamos na depressão, e até nos fragmentamos, mas… se agimos com a alma elevada, em todos os sentidos, tudo terá valido a pena.


            Artigo publicado na edição do Jornal da ARL - Academia Ribeirãopretana de Letras - novembro/22 -  que comemorou os 75 anos da entidade. Veja a íntegra do jornal aqui

 

 

         Francisco Sérgio Nalini

         

         Membro Honorário da ARL desde 05.03.2004

         Auditor-Fiscal aposentado da Receita Federal do Brasil

         Ex-Secretário da Fazenda do município de Ribeirão Preto

quarta-feira, 30 de março de 2022

Dr. Lancha, Médico e Prefeito

Francal foi provavelmente seu maior feito. A idéia surgiu de um encontro com Ademarzinho Polo e Ivânio Particelli.


Ele foi eleito por diferença de apenas 21 votos, na última urna, depois de sair perdendo na cidade por 800 votos, conseguiu virada na Estação. Isso foi no ano de 1.968. 



E o dr. José Lancha Filho iniciou seu mandato na Prefeitura de Franca. Um belo dia, há 50 anos, em 1.971, recebeu a visita de Ademarzinho Polo e Ivânio Particelli que acabavam de retornar de São Paulo. Passando por Americana, cidade que promovia a Feira de tecidos, relataram a Lancha sobre este evento. Foi quando o prefeito perguntou "por que não fazemos em Franca a Feira do Calçado"? 

Estava surgindo a Francal, feira de calçados que aconteceu improvisada- mente no prédio da Ceagesp, depois no prédio até então inacabado da Prefeitura, em seguida no campo do Palmeiras, ano seguinte no parque Américo Pizzo. 

Anos depois a Francal foi transferida para São Paulo, maior centro comercial do País. Sempre bem administrada, com liderança de Miguel Bettarello, Carlos Brigagão e equipes de industriais, a Francal sempre deixou lastro de bons empreendimentos, impulsionando a indústria da capital dos calçados. 

E a história do médico e prefeito Lancha Filho foi marcante. Antes de ser eleito prefeito da cidade, foi Vereador, em período relevante da casa Legislativa. Os vereadores cumpriam mandato sem receber salários. Era um serviço comunitário. 

Eleito prefeito, naquela que foi talvez a eleição mais acirrada da cidade, em 83 dias construiu o estádio municipal para dar à A. A. Francana condições de disputar os campeonatos conforme exigências da Federação Paulista. O estádio passou a ser chamado de Lanchão, em sua homenagem.

Trouxe o Corpo de Bombeiros, depois de incêndio dramático em uma indústria de comércio de couro, que provocou a morte de um bombeiro. Foi outra grande realização. Importante para a cidade industrial que crescia a cada ano, dando empregos e registrando os primeiros passos para a exportação. 

Posteriormente elegeu-se Vereador e foi também Secretário da Saúde municipal. Como Médico, teve igualmente uma história expressiva. Quase sempre não cobrava pelas consultas. Angariou amizade, teve atuação sempre considerada relevante, reconhecida até hoje pela comunidade. 

Pessoa do bem, sempre com um sorriso nos lábios e pronto a atender todos que o procuravam. Um homem que será lembrado pelas ações boas que promoveu e incentivou. 



Crônica Publicada no jornal Verdade, em 18 de dezembro de 2021 

 


 

sábado, 26 de março de 2022

Paulo Roberto Verzola e o rádio francano

Paulo Roberto Verzola - A expressão do rádio em Franca       

 O rádio sempre foi companheiro, insuperável nas décadas de 50 a 70, depois com a concorrência da televisão, ainda que em menor ritmo, manteve o nível e a audiência dos ouvintes. Sempre graças aos profissionais dedicados . 

        Um dos exemplos dos melhores tempos do rádio foi a PRB-5, a terceira emissora do país, declarada perempta e fechada em setembro de 1.973, por decreto federal. O locutor e gerente Roberto Vilella leu o comunicado oficial que recebeu de Brasília. Esta rádio revelou muitos nomes de conceito. E mais recentemente a audiência sempre esteve ligada a nomes, como exemplo, em Franca, o radialista Paulo Roberto Verzola. 

Paulo Roberto Verzola, expoente do rádio francano 


        Ele começou na antiga Piratininga como chefe de escritório. Logo foi lançado pelo então gerente Luiz Carlos Facury, com o programa Meia Hora com o Verzola. Apenas 30 minutos inicialmente. Mas logo foi promovido. Ganhou uma hora de es- paço, sempre ao meio dia. Uma hora com o Verzola, era o título do programa. Sucesso de audiência. 

        E Verzola revelava sua grande votação no rádio. As campanhas assistenciais, ainda mais quando assumiu o comando da creche Ângelo Verzola. Nome de seu pai, dado pelo então prefeito Mauricio Sandoval Ribeiro à nova instituição. Foi um incentivo. Inicialmente eram atendidas 80 crianças. 

        Mas com uma campanha lançada no Rotary Clube por Antônio Augusto Nunes de Souza, a creche foi ampliada e ganhou uma nova cozinha. Foi o bastante para Paulo R. Verzola ampliar o atendimento para 120 crianças dos bairros vizinhos à creche. 

        No rádio, principalmente na Imperador, Verzola nunca desanimou. Certo dia anunciou que precisava da colaboração de 320 amigos, cada um doando R$ 10,00 para aquisição de uma perna mecânica que seria destinada a uma criança vítima de acidente. Foram pouco mais de 40 minutos. 

        E a campanha estava fechada. Arrecadados R$ 3.200,00. Este colunista disse na época que somente Verzola seria capaz de tamanho feito. 

        Mais algum tempo, ainda recentemente, perdemos o companheiro. Uma queda o levou ao falecimento, para lamento de inúmeros amigos. Ele deixou o exemplo da solidariedade e amizade com toda a Franca. 

        Esta cidade sempre revelou no rádio grandes nomes, desde Vicente Leporace, Xisto Guzzi e Pedro Luiz, até Lucia Helena, melhor voz feminina da Nacional, do Rio de Janeiro. Izilda Rodrigues Alves, seu nome verdadeiro, era de Franca e fez sucesso no Rio e Brasil todo. Mais recentemente vários nomes de destaque, mas Paulo Verzola se destacou pelas campanhas sociais. Exemplo marcante, que certamente por muitos anos será lembrado. 


Crônica Publicada no jornal Verdade, em 5 de fevereiro de 2022 

 


segunda-feira, 21 de março de 2022

Dr. Alonso, médico, humanitário, prefeito!

 Dr. Ismael Alonso Y Alonso foi médico, humanitário, querido do povo, eleito Prefeito da cidade, até hoje é lembrado.

Poucas figuras públicas marcaram tanto a existência como o dr. Ismael Alonso Y Alonso, em Franca. Médico, humanitário, querido do povo, eleito Prefeito da cidade, até hoje é lembrado.

O jornal Verdade foi buscar dados biográficos que aqui ficam registrados para conhecimento das atuais gerações. Filho de espanhóis, chegados ao Brasil em 1.896, dr. Alonso nasceu em1.908. Na então bucólica Peirópolis, Minas Gerais, dr. Alonso seria então vizinho de Eurípedes Barsanulfo, de Sacramento, e depois de Chico Xavier, que foi de Pedro Leopoldo para Uberaba.

Mas escolheu a Franca, de José Marques Garcia, assim como fez dr. Thomas Novelino, para trabalhar, constituir família, viver e ajudar a quem com ele convivesse.

O pequeno Ismael veio de origem humilde, trabalhou desde pequeno. A família mudou-se para Ribeirão Preto, onde diplomou-se no ginasial, em 1.925. Três anos depois serviu o Exército, em seguida cursou Farmácia, em Pindamonhangaba.

Já em 1.934 formou-se Médico pela Universidade Fluminense, com especializações nas áreas de dermatologia, urologia, doença de sífilis, trabalhando como residente e assistente em clínicas do Rio de Janeiro.

Em 1.939 casou-se com Esmeralda Domingues Alonso, com quem teve os filhos Mísia e Sérgio. A convite do francano dr. Ricardo Pinho, chegou a Franca, onde tornou-se um dos homens públicos mais afamados e queridos. 

A cidade de Franca teve o privilégio de contar com o médico dr. Alonso durante 25 anos, até 23 de março de 1.964, quando faleceu.  Trabalhou com dedicação na direção da Santa Casa de Misericórdia, presidência do Centro Médico, Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência - SAMDU, IAPI e IAPC.

Na política teve reconhecimento do povo que o elegeu Prefeito de Franca para mandato de 1.951 a 1.954 e depois Vereador de 1.955 a 1.958. Sua atuação foi considerada relevante. Abriu vias públicas, asfaltou ruas e avenidas, criou o antigo Horto Florestal, hoje Jardim Zoobotânico de Franca, lei municipal 269, de 1.952, dedicou-se de corpo e alma á área de saúde. 

Foi filiado ao PTB. Era uma figura carismática, educado e de fino trato.

Dr. Ismael Alonso Y Alonso, segundo relato do dr. Alexandre Alonso, que colaborou com esmero para esta pesquisa e relato, sempre destacava que a mão do Alto o guiava na tarefa de clínica médica, ao diagnosticar, inspirando assistência fraterna e gratuita à maioria dos enfermos. 

Como fiel colaborador do instituto IMA que leva o nome do dr. Alonso, o dr. Alexandre ressalta que como em vida, seu trabalho continua voltado à cura de almas de milhares de pessoas que buscam atendimento.

Crônica Publicada no jornal Verdade, em 11 de julho de 2021 

 

sábado, 19 de março de 2022

Oscar Kellner Neto, a inspiração na Serra da Canastra

Ele fez o caminho inverso, foi de Franca para Minas Gerais. Preferiu as cavalgadas entre as 137 cachoeiras de Delfinópolis e a Serra da Canastra, que certamente lhe dão inspiração.


        Aqui um pouco sobre a vida e as atividades do escritor, autor de poemas, contos e poesias. Mudou-se de Franca ainda jovem, mas certamente seus amigos e admiradores gostarão de lembrar seu nome.

Oscar Kellner Neto

        Oscar Kellner Neto é natural de Franca, nasceu em 1.949, casado, pai de dois filhos, avô de três netos. Vive em Delfinópolis/ MG, entre serras, cachoeiras e lagos, desde 1975. Arte-Educador, Professor de Gramática e Redação, Técnico em Contabilidade e Ad- vogado atuante, Kellner também se dedica à pintura e à escultura, áreas artísticas em que sempre logrou êxito. Nas horas vagas, cuida de terras, gado, peixe e gente. Gosta de sumir pelos vãos da Serra da Canastra, onde cavalga, conversa, joga truco, sonda falares, respira cores e transpira poesia.

        O Autor, míope, curioso e astigmático, começou a escrever em 1963. Seus primeiros versos foram para a musa eterna, hoje sua esposa, Maria Alcina. Sempre colaborando em suplementos literários de vários jornais com seus textos poéticos, foi premiado na 1.a Semana de Arte Moderna de Franca, em 1966, com o poema Beatniks. Em 1967, seu poema Do Mágico e seu aprendiz, recebeu o 1.o lugar em outro concurso francano. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1968: CANTO DE BUSCA, em edição mimeografada e com lançamento nacional. Em abril de 1969 datilografou, compôs e lançou seu segundo livro, MURAL, com poesias concretistas, em pequena tiragem, por sua editora “Dedos do Autor”.

        Seu poema-processo RELÓGICAS, elaborado a partir de carimbos confeccionados com peças de relógio, em parceria com Antônio de Pádua Primon recebeu o 1.o Prêmio no Concurso Nacional Souzandrade, em Divinópolis(MG), em junho de 1969.

        Nesse ano, o de seu casamento, o Autor recebeu da imprensa francana o título de Intelectual do Ano. Desde então, vinha organizando seu livro-objeto, de poemas-processo, FLASH, editado em 2010 pela Editora Clube de Autores.

        A partir de 1970, Kellner passou a coletar seus contos e a divulgar seus textos em prosa, colaborando em jornais, suplementos e páginas literárias de toda parte e participando de algumas antologias nacionais e de fora.

        Em 1975 lançou cópias de seu texto concretista FOSSAPOGEU - (epistolas aos coivarenses - textos do hospício) - de circulação restrita. Em 1977 divulgou seu primeiro romance: O CRIME PERFEITO DE SEZOGLA SUEM, em pequena edição oferecida à crítica do círculo de amigos-leitores fiéis. Participou, em 1979, com o conto O Espetáculo, da antologia A PRESENÇA DO CONTO, organizada pela Editora do Escritor, de São Paulo.

        Seu primeiro livro de contos O OUTRO LADO DE COIVARAS : O MUNDO foi publicado pela Editora Pirata, de Recife, em 1984. A revista Globo Rural publicou seu conto Pazsarinha, sob o título “O touro Charuto” em sua edição do mês de setembro de 1994. Em 2009, em comemoração ao seu 60o aniversário, Kellner relança a obra MURAL em conjunto com FOSSAPOGEU, na obra poética MURAL & FOS- SAPOGEU, pela Editora Clube de Autores, de São Paulo.

        Ainda em 2009, pela mesma editora, lança o livro de contos O JUIZ E OUTROS CONTOS, o romance O REINO DE COIVARAS e a novela TOCAIAS E DUELOS. Também em 2009, pela mesma editora paulista, lança a obra COIVARAS (cantos), onde reuniu os trabalhos O JUIZ E OUTROS CONTOS – contos -, ROSALDA GENTIL - romance – e TOCAIAS E DUELOS – novela. 

        Neste mesmo ano, pela Editora Clube de Autores, relançou o livro O CRIME PERFEITO DE SEZOGLA SUEM, e, pela Editora Clube de Autores, lançou o volume de versos O LIVRO DA VISITAÇÃO. No final de 2009, em regozijo pelo jubileu de diamante de seu nascimento, Kellner lança pela Editora Casa do Novo Autor, de São Paulo (SP) o livro FAZENDA INTERIOR. Lançou O QUILOMBO DE PALMIRA (mini contos) no findar de 2010 pela Editora Clube de Autores, de São Paulo.

        Veio a lume pela mesma Editora, também em 2010, seu livro-objeto, de poemas-processo, FLASH. Em seguida, lançou seu livro de trovas PEQUENO CANTO DA TERRA, ilustrado por Odilon José Rosa. No final de 2010, Kellner lança pela Editora Clube de Autores, de São Paulo(SP) o livro FAZENDA INTERIOR, agora em segunda edição.

        Em março de 2010 Kellner lança pela Editora Clube de Autores, o livro-conto OS AMARRADORES DE PATAS. Em dezembro lança seu volume de mini-contos, O QUILOMBO DE PALMIRA pela Editora Clube de Autores.

        Em julho de 2011 Kellner lança pela Editora Clube deAutores, a segunda edição, agora ilustrada, do livro-conto OS AMARRADORES DE PATAS. No segundo semestre de 2013 Kellner lança pela Edi- tora Clube de Autores, o livro KALEIDOSCÓPIO, colorido, reunindo poemas-processo, na técnica de gravuras digitais, em formato e papel especial. Dada a receptividade da obra, logo em seguida lança KALEIDOSCÓPIO 2, pela mesma Editora, no mesmo padrão.

        Em novembro de 2013, Kellner lança pela Editora Clube de Autores, o livro de poemas RE- CANTOS DA VIDA, reunindo alguns poemas de seu primeiro livro mimeografado, CANTO DE BUSCA, alguns textos poéticos do livro O QUILOMBO DE PALMIRA e poemas escritos durante toda a sua vida.

        Ainda em novembro de 2013, lança pela Editora Clube de Autores, os livros SIGNUS e BOREAL, coloridos, ambos reunindo gravuras digitais, em primorosas edições em formato quadrado e papel especial.

        Está relançando pela Editora Clube de Autores os contos que marcaram sua estreia na literatura nacional: “O OUTRO LADO DE COIVARAS: O MUNDO”, agora em segunda edição revista e ampliada, incluindo fortuna crítica. Ainda em Dezembro de 2013, lança pela Editora Clube de Autores, o livro FACTUM, colo- rido, reunindo gravuras digitais, em primorosa edição em formato quadrado e papel especial.

        Publicou nas letras jurídicas, a monografia A CAUSA CURIANA, no campo do Direito Romano.

        Permanecem inéditos, O PROCESSO CAUTELAR E A COISA JULGADA, monografia na área do Direito Cautelar e, na área do Direito Penal, desenvolveu trabalho em parceria com Juliano Quireza Pereira e Lúcio Augusto Malagoli tratando do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.

        Kellner também se dedica às artes plásticas e à fotografia. Proclama a volta à Natureza. Prepara um reino de pedra, água e sol: Coivaras.

        Seu trabalho, sua vida, sempre com marcas expressivas, representam orgulho para sua cidade natal, seus amigos e admiradores. Mas na verdade Franca deve a Oscar Kellner Neto o reconhecimento público e quem sabe uma homenagem especial no calendário cultural. Sempre haverá tempo.

Crônica Publicada em 19 de março de 2022 

segunda-feira, 7 de março de 2022

Ah! Essas mulheres...

  Convidado pelo Verdade para escrever um artigo sobre as mulheres no seu Dia Internacional  fico pensando, o que que um economista está fazendo aqui? Talvez seja mesmo uma referência ao meu pai, caríssimo Leonel Nalini (Nelo) que, ele sim tinha esse dom, nas suas mais de 200 poesias tinha como epicentro o amor e a mulher.

Depois acho que deveria ser proibido homem falar de mulher, é meio que ‘julgamento’, movimento analítico que não devia lhe caber, ora, se elas são tão melhores em tudo, como não cansamos de reconhecer, como quem está em um patamar inferior pode se postar de senhor dessa razão.

E tem mais, se nós homens conseguimos ver com tanta clareza as virtudes nas mulheres, que certamente nos faltam, porque não temos o mesmo comportamento? É mais ou menos o que fazemos na religião, quando nos aventuramos a escrever ou pregar sobre ela, mostramos inúmeras coisas que nos levam à paz interior, ao paraíso e à Deus, então porque não seguimos esses exemplos,  principalmente os cristãos?


Agora vamos falar sério, você já viu alguma publicidade dizendo: - No Dia dos Homens presenteie-o com um terno de marca? Tínhamos um site de envio de cartões comemorativos - o Dia das Mães ganhava dos pais numa proporção de 6 por 1, se eram mil cartões em agosto, maio chegava a uns seis mil. Isso vale para as secretarias também, ou seja, o dia dos secretários com certeza nem existe e, todas as vezes que vamos falar em Dia dos Homens caímos num vácuo, cada um fala uma data.


Tudo começa na criação, veja que no mundo animal os bichinhos ficam ao longo dos milhares de anos aprendendo a piar mais bonito, rugir melhor, dançar de forma piramidal, fazer ninhos maravilhosos de amor, para agradar as fêmeas, com pouquíssimas exceções são elas que escolhem seus pares. E olha que às vezes isso termina numa pancadaria danada, os machos quebram chifres, se mordem e se arranham todo, quando não se sucumbem na luta, isso considerando que normalmente ainda tem, no grupo, mais fêmeas do que machos. O desenho é o da natureza.


O problema para falar das mulheres, nessas comemorações, é que, de forma justa, passamos a endeusa-las sem uma análise de seu dia-a-dia, lembrando que um sem número delas têm múltiplas jornadas, afeitas a relacionamentos com pares muito complicados, sem contar que ainda acabam sozinhas, com os filhos. Aí aparece um outro ser maravilhoso, não menos mulher, a avó, é ela que acaba por criar outra leva de filhos, para garantir a estabilidade da família.


Em tempo, qual seria a reação hoje de uma jovem de 16 anos se seu namorado abrisse a porta do carro para ela? A mesma da sua bisavó! Gentileza e boa convivência não tem nada a ver com a fragilidade do sexo e sim com a educação de cada um, se não cabe violência em nada, porque haveria de caber para com as mulheres. Ainda carregamos o estereótipo da era das cavernas, o homem sai para caçar a mulher ficava cuidando das crianças. A deputada Isa Penna não está nada feliz com o que sofreu e menos ainda com a punição imposta.


Ok ok Nalini, então cite algumas mulheres que, para você, merecem referência. Passo! Nessa altura conheci tantas que não vou me arriscar, ou arrisco?

1. Esposa Lila, 2 Patrícia 3. Luiza Helena 4. irmã Aída, 5. Maria, minha mãe, 6. Dona Leonor, 7. Minha sogra Hilda, 7 e 8 - Minhas queridas: Melina, filha, e Maria Eduarda, neta, ambas juntas do Senhor.


Em Franca lembrei-me de três, Luiza Helena, certamente uma das mulheres mais conhecidas no país hoje, sua liderança demonstrou que de caipira ela não tinha nada, a Patrícia, pois a cidade carinhosamente girou em torno dela dezenas de anos, e a Dona Leonor, extensivo as inúmeras outras que fizeram da benemerência uma devoção. Como quero reunir mais nomes, vai aqui o meu e-mail sergionalini@me.com.


Veja que curioso, o peronismo move a Argentina há décadas, e quem tem uma ópera? Evita! Cite uma das maiores expressões da monarquia de todos os tempos, Elizabeth II, mas tem o contraponto da princesa Diane. E a estória de Helena, é falsa ou verdadeira? Pois é, tem tanta mitologia reunida que até parece ser verdade. Ou você acha que realmente aconteceu a Guerra de Tróia, ninguém sabe. De qualquer forma são os gregos se curvando à uma mulher.



Agora, vamos falar em empoderamento feminino? Sabe quem me vem à mente? Joana D’Arc, aos 19 anos se adapta visualmente aos soldados da época, cortando curto os cabelos e vestindo a mesma farda deles, comanda com sucesso as tropas francesas contra as inglesas na Guerra dos 100 anos. Se fosse homem poderia ter sido apenas executada, mas, como foi uma mulher muito ousada, termina a vida na fogueira. Até falaram em heresia, já que não há dúvida que ela se comunicava bem com o além, ouviu vozes que a remeteram à guerra, mas foi morta mesmo por inveja da sua liderança comandando homens.


A maior referência é mesmo é Maria, mãe de Jesus, gosto de olhar para ela e ver uma mãe comum, mesmo sabendo que não. A sua preocupação quando Jesus some em Jerusalem, com uma boa bronca quando é encontrado, sua preocupação confessa à prima Isabel, com precocidade de seus filhos e o seu duro desempenho quando Jesus chega à maturidade com tudo que já sabemos. Foi literalmente um pilar no cristianismo.


Se essa minha crônica não é uma homenagem às mulheres, por já ter dito que não sou credenciado para isso, agradeço ao Diário Verdade, por ter me escolhido para fazer essa tentativa e poder  confessar, sem falso romantismo,  que o equilíbrio da criação está na mulher,  é ela que dá a graça, seja porque é quem cria e educa ou quando vai à luta, que é sempre mais de uma, e ainda consegue ter o charme e a beleza, tão natural!


Dedico esse artigo a três saudosas mulheres que passaram pela minha vida, minha mãe, Dona Maria, tão querida e admirada por quem a conheceu, minha filha Melina e minha neta Duda, essas duas tão precocemente retornando às suas atividades espirituais.


Deixo também um beijo à minha irmã Aida, ainda toda serelepe, e à minha sogra, Dona Hilda, que teve tanta paciência comigo, e, terminando esse artigo, vou lá dar um beijo na Lila, que esse ano completará 50 anos do meu lado. Foi ela que deu a ideia de terminar não com um poema maravilhoso, mas com essa uma música pé no chão, do Erasmo Carlos, Mulher!

Dizem que a mulher é o sexo frágil

Mas que mentira absurda!

Eu que faço parte da rotina de uma delas

Sei que a força está com elas

Vejam como é forte a que eu conheço

Sua sapiência não tem preço

Satisfaz meu ego se fingindo submissa

Mas no fundo me enfeitiça

Quando eu chego em casa à noitinha

Quero uma mulher só minha

Mas pra quem deu luz não tem mais jeito

Porque um filho quer seu peito

O outro já reclama a sua mão

E o outro quer o amor que ela tiver

Quatro homens dependentes e carentes

Da força da mulher

Mulher, mulher

Do barro de que você foi gerada

Me veio inspiração

Pra decantar você nessa canção

Na escola em que você foi ensinada

Jamais tirei um dez

Sou forte mas não chego aos seus pés

Mulher, mulher

Mulher, mulher


sábado, 26 de fevereiro de 2022

O Carnaval em Franca no século passado

        

        No compasso da folia, falamos hoje do Carnaval, festa que, feita com inteligência, pode ser prazerosa, é como o futebol, no fundo no fundo todo mundo gosta, só não pode ter briga, ofensa e rivalidades desmedidas. O período é mesmo um feriadão, utilizado como tal… feriadão! Pode até dar uma passadinha pela tevê, uma olhada nos desfiles, mas fica só por aí. A covid conseguiu cancela-lo, ou transferi-lo, e olha que, para parar uma festa dessa no Brasil tem que ser grave.

        O evento voltou a se popularizar de forma sadia há tempos, com os gritos de carnaval nas praças, antigamente já teve desfiles nas ruas das cidades, em carros abertos, com blocos disputando a simpatia, com confete e serpentina, quiçá lança-perfume. 
        Hoje, com o enorme volume de famílias com crianças nas praças, vê-se que é um momento muito saudável, a nota ruim fica por conta dos celulares que trocam de mãos e a falta de banheiros para tanta gente.
        A lança-perfume ficou para trás, não sei bem de onde surgiu a ideia de jogar éter nas pessoas, o cheirinho saiu das roupas e foi parar nos lenços, com óbitos registrados. Mas também lançavam espumas e outros ingredientes, nada recomendáveis, os produtos não sobreviveram a nenhum exame químico, daí passaram a jogar água, com humor de hoje o certo mesmo é não jogar nada em ninguém, para quem gosta é só dançar mesmo.
        Vejo por postagens que, a partir de 1920, Franca levava os desfiles de blocos e carros muito a "sério", mais recente convivemos com disputa dos grupos, entre outros, do UAI e Ponto Final, uma festa de rivalidade na AEC. Os dois grupos se eternizaram, mas outros sempre primaram pela criatividade e muita elegância.
        A praça Barão já teve um teatro, o Santa Clara, onde foi a loja de ferragens da Casa Barbosa, local de  “bailes carnavalescos memoráveis”, isso até o ano de 1920. Mais de 100 anos… chegavam de carruagens? Rsss.
        Veja que o veículo top desses desfiles era o barata da Ford, em uma delas, em 1928, os “galãs” Arlindo Haddad, Gino Balerini, Wadi Pedro, Fuad Abdala e Juca Ramos, estavam vestidos de “simpáticos toureiros, arranjaram muitas namoradas e conquistaram os aplausos da população”, alardeava uma notícia da imprensa francana em 1976.
        Em 1941, na enorme propriedade da família Presotto, rua General Carneiro esquina com Monsenhor Rosa, tinha um clube chamado Amor à Mocidade, segundo a imprensa da época “o mais democrático de todos”, ali foi coroado o primeiro rei momo francano, Mário Tedesco com sua rainha Nair Capretti, presentes na coroação Baldijão Seixas e Orlando Dompieri. 
        Do acervo da Patrícia, postadas no Facebook por Dijalvo Braga Filho, duas fotos abaixo do Grupo UAI (pesquisei muito e não consegui do rival Grupo Ponto Final). As demais foram cedidas pela família do saudoso Conrado.