domingo, 25 de agosto de 2019

A genética e os filhos (DV-64)

É normal quando encontramos algo de positivo nos filhos dizer - ele me puxou, e também, quando estamos diante de algum mau humor, gênio forte ou má resposta, afirmar - nossa ele é igualzinho a você. Tirando o chiste é um belo alfinete para as discussões dos casais, principalmente quando estamos diante do - onde eu errei?
Mas enfim, onde realmente um filho ‘puxa' um lado ou o outro? 
Oficialmente é uma loteria, dizem os especialistas, as gerações transmitem 200 genes de uma para outra, o olho azul da mãe, ou o castanho do pai, vai do gene que ‘ganhar’ essa disputa. 
A chance de ser igual ao do pai e da mãe será se os dois tiverem a mesma cor de olho, ainda assim pode herdar o castanho do avô e deixar os papais a ver navios, o azul combina com a cor do oceano, não é?
Os genes que não prevalecem são chamados de recessivos e a criança, ser único, pode ter no seu nascimento uma combinação que deixa os traços familiares mais próximos de lado, seria algo como - não se parece comigo, mas o gênio… igualzinho.
Os geneticistas pesquisam muito as doenças que são herdadas, tanto que, em alguns casos, tomam especial cuidado nos precedentes, caso de glaucoma, próstata e mama.
Um caso que chamou muito a atenção foi o da atriz Angelina Jolie ao retirar as mamas e o ovário com medo de câncer, um caso compreensível, mas chocante.
Mas e na personalidade, o quanto a combinação dos genes influencia para que um filho seja ‘igual' ao pai ou à mãe? Ou a ambos?
É uma combinação sem fim, os cientistas entendem que os fatores externos da criação podem influenciar profundamente no comportamento, surgindo uma outra lenda - Ah, se fosse criado com o rigor que fui seria uma outra pessoa.
Ambiente, exemplos e cuidados com a criação são sim fundamentais na formação do caráter, mas uma coisa não podemos ter dúvida, todas as religiões tratam a alma como única, sendo cada ser responsável pelos seus atos. O espiritismo vai mais além, respeita a genética como também sendo algo de Deus, mas entende que a alma, tendo vida infinita, cursa uma grande universidade, sendo cada encarnação um período dessa formação.


Referência: 64.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 24/8/2019 - (DV-64)

domingo, 18 de agosto de 2019

O sonho impossível (DV-63)

Viver no mundo imaginário é uma fuga? Claro que sim, deveria estar aqui escrevendo sobre assuntos que concentram mais opiniões, como o futebol, o tempo, a economia e a política, por exemplo. Nesta última teria uma pergunta - o que está acontecendo com nossas instituições? Como o assunto hoje é sonho, não precisa responder, rsss.
Gostamos de sonhar… quanto mais sonhos temos, mais a mente voa livre, creio que uma das piores situações para o ser humano é quando ele fica inibido de sonhar, que triste! Ter esperanças e bem usufruir do livre arbítrio para que os sonhos virem realidade é algo muito divino, dá razão para estar vivo.
O documentário O Segredo (2006), trata disso falando sobre uma lei de atração, que seria capaz de fazer qualquer coisa, bastando desejá-la de modo incondicional de modo a direcionar os pensamentos positivos e nunca desistir - a dita "Fé Inabalável”, como informa a sua sinopse. Não é só isso, com certeza, e o merecer?
Como uma coisa leva à outra, lembrei-me do filme - O Homem de La Mancha (Arthur Hiller - 1972) que trata de um sonho impossível, o incrível personagem Don Quixote, vivido pelo extraordinário Peter O’Toole, original literário de Miguel de Cervantes (1615). Obra que coleciona coisas como ser a segunda mais lida até hoje.
Meu pai adorava Don Quixote, talvez como todos, por ser um personagem visionário, ter um amor imaginário - sua Dulcineia, e a inusitada ilusão de que moinhos de vento eram grandes monstros e ovelhas enormes exércitos, o romance nos alerta para que não sejamos traídos pelos falsos pensamentos, ou pelos sonhos impossíveis. Será, e o Segredo?
Muitos cantores interpretaram a música do espetáculo da Broadway que o filme se inspirou, há destaque para Jack Jones, mas se tornou popular mesmo na voz de Elvis Presley, que não fez o meu gênero, rss. 
No Brasil explodiu com a versão de Chico Buarque e Ruy Guerra, interpretada por Maria Betânia: Sonhar mais um sonho impossível, lutar quando é fácil ceder, vencer o inimigo invencível, negar quando a regra é vender, voar num limite improvável, não me importa saber se é terrível demais, quantas guerras terei que vencer, por um pouco de paz.

A cara de Dom Quixote.

Referência: 63.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 17/8/2019 - (DV-63)

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A benção Vinícius de Moraes (DV-62)

Para quem nasceu em berço religioso, digo de orientação cristã, é muito difícil entender como não se acredita em Deus, mas conheço pessoas que são ateus ou agnósticos e são ótimos amigos. A diferença entre um e outro é sutil mas vale afirmar que o ateu não acredita que exista deuses, ou o próprio Deus, e o agnóstico está na esfera do - se existe prove, eu tenho minhas dúvidas. Rsss.
Lembrei disso porque Vinícius de Moraes, em seu celebrado Samba da Benção deu uma de agnóstico e veio com essa: Feito essa gente que anda por aí brincando com a vida. Cuidado, companheiro! A vida é pra valer. E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom ninguém vai me dizer que tem, sem provar muito bem provado, com certidão passada em cartório do céu. E assinado embaixo: Deus. E com firma reconhecida! 
Acho que estamos diante de uma licença poética, e creio que o Vinícius tinha graduação suficiente para fazer isso, um doutorado! É, ele se auto denomina de capitão do mato da linha direta de Xangô, daí bateu uma curiosidade, uai, a Umbanda não é reencarnacionista? Toda a condução da religião está ligada ao contato com espíritos, que certamente já viveram na Terra, ou seja, é sim. 
Existe também algumas diferenças entre a Umbanda e o Candomblé, a primeira veio com os escravos da África e foi adaptada no Brasil, o Candomblé não, tem a marca registrada brasileira, nasceu no começo do século 20. 
Mas voltemos ao Samba da Benção, um hino, apesar de estar longe do atual empoderamento feminino, traçando o perfil da mulher como submissa no amor, fala que a mulher tem que ter algo mais que a beleza, mas tem que se respeitar a época, época que também a Amélia que era mulher de verdade. 
Dizendo que o bom samba é uma forma de oração ele evoca muito a esperança e a tristeza, e decreta “fazer samba não é contar piada, um bom samba é uma forma de oração”. Fácil de entender um samba tem que ter emoção, poesia, disso ele entendia e muito.
Enfim, ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém vence a beleza que tem um samba não!

Saravá Vininha.

Referência: 62.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 10/8/2019 - (DV-62)

A gosto de Deus (DV-61)

        É da cultura popular o crédulo da fatalidade, vinculado à sorte e ao azar. Boa parte das coisas aleatórias que ocorrem conosco ficamos sem saber o porquê, se não é nada representativo deixamos para lá. Em compensação costuramos muito do nosso futuro, um bom exemplo é a saúde com a obesidade, perguntei brincando para um médico, “doutor, somos como peixes, morremos pela boca?”. Ele sorriu e, sem dar o caráter de oficialidade, disse: Em parte sim. Ele é endocrinologista, vigia diabetes e colesterol alto, basta?
        De outro lado já falamos aqui da tensão nervosa provocada por nós mesmos, sem interferência externa, como o mau humor, raivas, neurastenias, nossa máquina foi feita para viver em paz, olhando para o futuro, essas reações certamente prejudicam o seu funcionamento, daí não dá para colocar a culpa no azar.
        Também já vimos que o “não cai uma só folha de uma árvore sem a vontade de Deus”, apesar da enorme lógica é um dito popular, não está na bíblia, nem se tem conhecimento do autor. 
        Se analisarmos o livre arbítrio, esse sim é um atributo divino que nos é oferecido, é certo que muitas folhas que caem de nossa árvore foi por falta de cuidado e não imposto por Deus. Certamente faltou adubar melhor os bons pensamentos, regar com ciência nossos objetivos positivos e dar luz do Sol para o nosso crescimento espiritual. O contrário fica por conta dos agrotóxicos sem controle.
        O árabe dá muito valor à expressão maktub, ou, “já estava escrito”, apesar de ser uma expressão fatalista, pode ser vinculada ao espiritismo, que acredita que alguns fatos de nossa existência já estavam traçados antes mesmo de encarnarmos, muitas vezes por nós mesmos escolhidos para resgates e aprimoramento do espírito ao longo de sua imortalidade. 
        Opa, daí digo nas minhas palestras, se estamos sempre em estado de resgate, que tal interrompermos essa rotina mudando nosso comportamento? O cristianismo, nesse caso, é a maior cartilha. Mesmo critério vale para a nossa árvore da vida lá em cima, se cuidarmos melhor, teremos melhores frutos.
        Sim, estamos em um trajeto divinamente traçado, mas ele pode ficar melhor ou pior dependendo de nós.

        Nada a ver com sorte ou azar ou mesmo com o pobre mês de agosto.

Referência: 61.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 27/7/2019 - (DV-61)

As vozes de Jona D'Arc (DV-60)

Vira e mexe volta o assunto sobre bruxas. Nas obras de ficção, regra geral, sempre são mulheres fora de seu tempo ou com informações extraordinárias que não interessam em nada o status quo da época. É óbvio que estamos abordando uma época medieval, ficando fácil analisar 600, 700 anos depois. Nesses casos tem que se respeitar o espírito, a cultura e a evolução da época. Duelo com morte, por exemplo, já foi permitido e admitido como algo legal.
Mas estamos falando de fogueira e, entre tantos casos que terminaram nela, temos o do sacerdote tcheco Jon Huss (1415) que, mesmo não sendo considerado bruxo, queria uma igreja mais moderna e não admitia que se arrecadasse dinheiro em nome da religião, ele acabou inspirando o Protestantismo.
Já Joana D’Arc devia ser um símbolo do empoderamento feminino, ela, aos 19 anos, se adapta visualmente aos soldados da época, cortando curto os cabelos e vestindo a mesma farda deles, comanda com sucesso as tropas francesas contra as inglesas na Guerra dos 100 anos (1337-1453), causa inveja a comandantes, capturada e julgada termina a vida na fogueira (1431).
A captura dela foi por franceses que apoiavam os ingleses, mas também tem um pouco de - o que está fazendo em uma guerra de homens (?) uma moça de 19 anos e que ainda ouve vozes, não só ouve, como também vê quem as fala? Passou a ser um grande perigo, principalmente por ter conseguido comandar homens e vencer batalhas. Daí para a heresia foi um passo ao lado.
Joana D’Arc começou a ouvir vozes com 13 anos, ela dizia que  vinham da igreja dentro de clarões, não as entendendo muito no começo, mas depois declara que seriam do arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. 
É… as vozes tentavam fazer uma intervenção em uma guerra sem fim, sugerem que ela não se afaste da igreja e que se apresente para comandar soldados e libertar de um cerco a cidade de Orleans. O que acaba acontecendo.

Esta história de ouvir vozes e mensagens de um plano diferente do nosso não é uma exclusividade de Joana D’Arc, mas hoje a história foi dela. Magnífica e predestinada, tem sim que ser um símbolo.

Referência: 60.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 27/7/2019 - (DV-60)

sábado, 3 de agosto de 2019

A dura vida de um ET (DV-59)

Uma coisa que chama muito a atenção na evolução da raça humana é o seu belicismo, ou seja, todas as grandes transformações políticas do mundo foi banhada de - muito - sangue. Vai ficar de fora nessa análise a influência do bem e do mal no sentido bíblico-religioso.
Fui pesquisar as guerras que causaram mais vítimas, desisti, são tantos milhões que até assusta, deixa para lá. Mas vi que os grandes conflitos registrados datam de 10.000 a.C para cá, não morriam milhões porque não havia tantos habitantes mas há uma equivalência.
Fica a pergunta no ar, se fomos criados por um Deus tão bondoso, porque nos tornamos tão violentos? Sinto que isso está diminuindo um pouco no coletivo, as grandes potências pararam de resolver todos os conflitos políticos na bala. Tomara, será?
Nessa linha de pensamento fiz um retrospecto de quantas guerras já fizemos com outras raças, de outros mundos, pois é, oficialmente ainda não conhecemos nenhum extraterrestre e já travamos guerras incríveis, aliás, a melhor franquia nessa área, é a Star Wars, que já tem a guerra no nome, Guerra nas Estrelas. Quando realmente entrarmos em “guerra" com outros mundos nem será novidade, a ficção já explorou quase tudo.
Daí parei para pensar, regra geral somos todos filhos de Deus, se o Universo foi criado por Ele, todas as criaturas que porventura o habitam também o são. Então, se uma outra raça conseguir chegar até nós, certamente é mais evoluída, navegar esses zilhões de quilômetros para vir guerrear?
Nas ficções tivemos muitos invasores maus, mas também tivemos alguns simpáticos, outros bem intencionados e também os descuidados.
O ET que o diga, falo do filme de ET.: O Extraterrestre, produzido e dirigido pelo espetacular Steven Spielberg (1982), foi a maior bilheteria do cinema por anos, tomou o título sabe de quem? Star Wars, perdendo-o para outra produção dele, Jurassic Park, em 1993.
Tá certo, mesmo não sendo bélicos a turminha do ET veio xeretar nossa botânica, e foi dura a experiência para ele ao ser esquecido, tirando a amizade que fez com o menino Elliott e com aquela carinha de sapo as autoridades queriam mesmo era dissecá-lo. 

Enfim é isso, não conhecemos ainda nossos vizinhos, mas a guerra já está declarada.


Referência: 59.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 20/7/2019 - (DV-59)