sábado, 2 de maio de 2020

Os anéis daquele senhor

J.R.R. Tolkien nasceu na África (1892) mas era inglês genuíno, não britânico, como ele próprio afirmava. Estudioso das línguas que contornavam a Inglaterra aprofunda-se tanto que, além de estudar línguas ‘mortas’, como o Esperanto, que passa a admirar muito, faz dois alfabetos próprios, linguagem que está flagrante em O Hobbit e O Senhor dos Anéis. 
Tendo tornado-se órfão muito novo, fato que o leva ao catolicismo, a mente do jovem começa a conviver com contos de fadas e a reproduzir monstros (principalmente inspirado na mitologia nórdica, com dragões, etc.), que passa a ilustrar muito bem. 
Sua fé católica é ligada ao fato de que a família de sua mãe a abandona no momento em que ela deixa de ser anglicana, cortando o apoio financeiro, ela, diabética vem a falecer. Mas foi importante, ela encantava os filhos com contos em latim e grego, o som das palavras cada vez mais encantava o futuro escritor.
Neste momento surge o personagem que viria dar um importante controle emocional para o sucesso da criação de Tolkien, o padre Francis Morgan, considerado um pai (também espiritual) para o escritor. Também teve a sorte de ser bem alojado com o irmão Hilary em um orfanato, ali estaria o seu grande amor, Edith.
Seus amigos no tempo de colégio, e a sociedade que fundam, são fundamentais para o exercício da literatura que culminaria com Oxford, onde conhece o renomado professor/escritor Joseph Wright, um exímio mestre de filologia, o estudo da origem das línguas, por onde Tolkien trilharia até falecer (1973). Nesse momento, além de quase uma dezena de outras, a língua finlandesa entra em cena, ou se consolida na cena, é nela que estão a linguagem élfica que aparece fortemente em seus personagens. 
E os anéis daquele senhor? Pois é, aqui surge uma ligeira polêmica, teria o escritor se inspirado na obra de Wagner - Der Ring des Nibelungen (O anel de Nibelungo) - base de toda a inspiração do compositor. Quem bem a analisou diz que não.
Ambos se inspiram nas obras mitológicas nórdicas e germânicas que estão disseminadas em profusão - envolvendo dragões, elfos e tantos outros mistérios. Mas… um dos maiores conceitos da obra de Tolkien, o anel, que consiste em dar o domínio do universo para quem o possui e a influência corrupta que emana, tem Wagner como pioneiro.

PS:

1 - Nicholas Hoult (Tolkien), Lily Collins (Edith) e Colm Meaney (Padre Francis) estão bem no filme Tolkien (2019 - Reino Unido - Telecine/Now).

2 - Esperanto - "meu conselho a todos que dispõem de tempo ou inclinação a se ocuparem com o movimento por uma língua internacional, seria: "Apoiem lealmente o Esperanto”

3 - Tolkien foi amigo (não por toda vida) de C. S. Lewis de As Crônicas de Nárnia - relatam que a amizade azedou no fim da vida, mas tem até livro sobre isso, exultando a amizade e no fim que ela teve. Um ponto forte em comum era a aversão pela tecnologia ou os atalhos da ficção, difícil de explicar, mas algo como "Rejeitavam tudo o que era moderno, inclusive a ficção produzida pela maioria dos escritores da época. Esta, afirmavam, enfatizavam muito a originalidade e se esqueciam daqueles valores tão antigos, mas que ainda são fortes”, escreve Allenylson Ferreira.

4 - Havia dois mundos para Tolkien, o primário - o cotidiano, principalmente o cristão, católico; e o secundário - onde ele podia se jogar no imaginário, principalmente o mitológico, onde dava vida até para uma palavra, ou, de forma espetacular, para um idioma inteiro.

5 - Tanto ele como toda a crítica entendem que O Silmarillion é o melhor da obra de Tolkien, mas, não tendo a força da mídia, nunca repercutiu como O Hobbit e O Senhor dos Anéis.