quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Privacidade de que jeito? (DV-03)

        Um assunto que vai ser eternamente discutido é o da privacidade na Internet, e, certamente, não estamos falando de nudes. O problema está no que pode, ou o que não pode, ser utilizado e repassado das informações pessoais que compartilhamos. E garanto que não são poucas.

        Dadas as proporções, o caso Facebook é a bola da vez. Enfim, estamos falando de uma empresa que faturou 12,6 bilhões de dólares no ano passado, crescendo 43,3%. Tem perdido milhões de jovens que não acham mais graça nessa rede, mas ainda tem cerca de 184 milhões de usuários só nos EUA e Canadá. 

        A rede dá sinais de cansaço, mas o número de usuários novos continua superando os desistentes. O jovem Mark não deve estar muito preocupado, ele também é dono do Instagram, com 2 milhões de anunciantes, e do… WhatsApp, com 1,5 bilhão de usuários no mundo. Fico imaginando a hora que ele quiser cobrar pelo uso desse último. Pronto para pagar ou para parar de utilizar?

        Quanto aos rastros que largamos no uso de aplicativos e redes sociais, não é de hoje que as grandes companhias se movimentam para capturá-los. Lembro-me de um concurso que a Amazon fez, dando um milhão de dólares, isso mesmo, para quem fizesse o melhor programa de fidelização de seus clientes (*). Algo como um sistema robô que ficasse nos vigiando em seu site. 

        Uma vez logado  - quando você coloca sua senha e diz quem é - o sistema fica bisbilhotando seus gostos, mesmo que sejam apimentados. O interesse está em conhecê-lo para melhorar suas ofertas de produtos, coisa como brinquedos e chocolates em gôndolas baixinhas para pegar nossas crianças no supermercado.

        Não podemos deixar de lembrar que, ao se cadastrar em qualquer site, tudo começa a ser capitalizado, sexo, idade, nunca virá uma oferta de LoL, ou do Patrulha Canina, mas…. experimente passar dias procurando essas coisas infantis, assista algumas, a partir daí, para o serviço você sempre será uma criança, até que mude o interesse e repita a operação.

        Na verdade isso trabalha a seu favor, vale para músicas e filmes - serviços de streaming, como Spotify e Netflix, que é impecável, tem três linhas distintas de ofertas, os lançamentos, para eles imperdíveis, o do seu perfil, por tudo que já assistiu, num mix com o que você mencionou como favorito para ver depois. 


        Estudiosos acham que esse compartilhamento do seu perfil, chamado de inofensivo, será impossível de evitar, deixamos rastros demais. Inofensivo porque não furta sua senha do banco, mas pode ser usado para que a mensagem do político chegue melhor em sua navegação. Mas isso é problema do Mark, que, pelo visto, não tem problema nenhum.



(*) No mês de setembro de 2018 a Amazon passou a valer US$ 1 trilhão, acompanhando a Apple que já tinha conquistado esse patamar, valeu pagar US$ 1 milhão para o melhor robô que acompanha seus clientes e faz ofertas oportunas?

(**) No assunto privacidade não incluo fotos nudes dos jovens que vazam por invasão, ou perda, de celulares, com notícias de suicídios de jovens que veem suas vidas e intimidades devassadas. Não era objetivo desse artigo.

(***) Especialistas no assunto dizem que o mesmo grupo que manipulou as eleições de Trump, que menciono no artigo, já tinha um plano milionário para intervir nas nossas próximas, de outubro de 2018, mas o plano foi desmantelado (?). Será que foi? No mesmo artigo apontam diversos robôs que estão nos dando impressão que certos candidatos não tem os milhões de seguidores e likes que apresentam, tem inteligência artificial atrás disso. Tem uma tal de Ana muito participativa, é a maior fã do candidato, com perguntas, indicações, até que um nome bonitinho para um robô.


Referência: 3.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 08/05/2018 (DV-03)

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