sábado, 27 de outubro de 2018

Juíz de Uberaba (DV-11)

Não sei bem o que um cidadão uberabense fez para a nossa gloriosa veterana, a Francana, só sei que desde os idos de 1950, toda vez que um árbitro de futebol não atuava bem, seja no Nhô Chico ou depois no Lanchão, imediatamente ele se tornava um "Juiz de Uberaba". Assim como os jogadores que saíam daqui e iam para outras equipes, ao vir jogar em Franca, ao entrar em campo ouviam: ou, vai pagar A Cinderela!
E nosso maior rival? Batatais estava para a Francana como a Argentina para o Brasil, ou o Botafogo para o Comercial, Corinthians para Palmeiras, não necessariamente nessa ordem.
Em 1958 o pau comeu, depois de um jogo em Batatais, um zero a zero chato e violento, "cidadãos foram agredidos e carros apedrejados", dizia um telegrama do presidente da veterana, Jorge Cheade, para um delegado de Ribeirão Preto, houve também um protesto contra o juiz,  o árbitro, Mário Nogueira à época. Um artigo de Luiz Carlos Facury no Diário da Tarde descreveu os acontecimentos como “selvageria”, enumerando também um sem número de entradas violentas dos vermelhinhos batataenses. 
Dr. Cyrilo Barcelos era o médico da Francana e socorreu os contundidos…
Artigo que não ficou sem réplica, O Jornal da vizinha cidade, em editorial de 11 de maio de 1958, estranha que um órgão de imprensa francano de prestígio, com um jornalista não menos importante, incite a violência, descreve que também a torcida da veterana levou britas daqui para lá para serem jogadas. Credo!
Mas o que me chama a atenção é que, mesmo concordando que tenha ocorrido agressões de ambos os lados, o editorial não se conforma com o risco disso contaminar a boa convivência  dos cidadãos de Franca e Batatais, concordo. Ainda bem que essa rivalidade ficou lá para trás.
Entre muitas, duas coisas realmente tiram os seres humanos do seu normal, campo de futebol - jogando ou assistindo, e o volante de um carro, alguns amigos, pessoas doces, colocam o uniforme como o personagem Maskara coloca sua máscara, se transformam sabe lá no que.
Uma outra ficção é o julgamento dos argentinos por causa do futebol, eles são chatos sim, como torcedores, mas nós não convivemos tão bem com o bando de loucos, os corinthianos? Teríamos que conviver bem como eles também, rsss. 
Cantarão para sempre as musiquinhas provocativas, principalmente a que diz que Maradona foi melhor do que Pelé, fizeram isso na porta do Maracanã e acham isso super normal, acham que essa provocação é sadia.
Todas as vezes que tive na Argentina fui muito bem tratado, tanto, que acabei por fazer algumas amizades por lá, um dos amigos me confessou que não entendeu porque nós torcemos para a Alemanha e não para a Argentina na final da copa aqui no Brasil. Confesso que essa lógica é muito forte para mim, nem tentei explicar… acho que não conseguiria, enfim, torci para a Alemanha.
Agora fala sério, aquele árbitro que não deu o empurrão de Zuber no Miranda, no gol da Suíça, o tal Cesar Ramos, mexicano, é ou não é um “Juiz de Uberaba”?   

Referência: 11.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 21/7/2018 - (DV-11)
Formação de 1948: Marreco; Antero e Amauri; Tutti, Gonçalves e Eca; Tim, Tidão, Tonho Rosa, Luisinho e Canhotinho


1958 - Futebol entre Francana e Batatais termina em pancadia


1958 - Futebol entre Francana e Batatais empate chato, com briga



1958 - Futebol entre Francana e Batatais mídia batataense reage.

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