Uma das medidas importantes do primeiro governo Lula foi não mexer radicalmente em uma economia que vinha dando certo, a do FHC. Mas conduzir a economia de um país não é fácil, além da política há fatores externos, climáticos e corporativistas, enfim se a orquestra não tiver afinada não tem nem concerto, nem conserto.
Duas coisas me chamaram a atenção, havia um tabu: o aumento do salário mínimo acima da inflação poderia quebrar a previdência e as empresas e o país. Daí nasce um plano arrojado: atrelar o reajuste do mínimo ao crescimento do PIB - Produto Interno Bruto. Ou seja, aumentou o faturamento do país, com relação ao ano anterior, reajusta-se o salário mínimo na mesma proporção, ousado!
A outra iniciativa foi manter e ampliar programas sociais. Com essas duas medidas não só aumentou a circulação como deslocou um pouco da riqueza, a moeda, para classes até então fora do consumo.
Pois é, com uma larga margem da população consumindo mais, toda a cadeia industrial começou a vender mais, isso aumentou o emprego principalmente no sudeste brasileiro, onde se concentra o maior número de nossas indústrias.
Sabemos que depois vieram as crises externas, as marolinhas que viraram altas ondas, e que a ajuda social desmedida - sem lastro, provoca um alto déficit, mas o depois não é o foco do nosso assunto, estamos falando de circulação da moeda.
O que queremos ressaltar é a necessidade da distribuição de riquezas, pois é exatamente a classe popular que mais movimenta a economia. Veja, estávamos em Barreirinhas, porta de entrada para os Lençóis Maranhenses, quando lá chegamos parecia aquelas cidades abandonadas em filmes do oeste americano, com aquelas bolas de capim seco rolando ao sabor do vento.
No dia seguinte tinha uma multidão chegando de todo lado, era dia de distribuição do Bolsa Família, fila na porta da Caixa, comércio movimentado, daí vimos um cidadão comprar uma sandália de dedo e jogar a dele fora, emocionante e incrível… com o choque de realidade, falei - pronto, movimentou a fábrica lá no Sul!
Melhor ainda foram as Havaianas, que deslocou a sua fabricação para Campina Grande, PA, levou a riqueza em forma de emprego.
Antes que se julgue o artigo pelos seus personagens, leia-o de novo, com o destaque para o fato de que nem sempre a história se repete, é só ver o que aconteceu de 2011 para cá, principalmente com o déficit público. Mas, que investir na miséria reinante à época foi um fato econômico importante e histórico, ah se foi.
Vale ressaltar, por fim, que o déficit de lá para cá derrubou o PIB, que derrubou o salário mínimo e interrompeu essa história, ah essa economia, sempre digo, se fosse fácil qualquer um faria.
Que sirva de inspiração, se investir na pobreza não fosse algo humano, social e cristão, é fundamental para a saúde de um país.
Referência: 25.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 17/11/2018 - (DV-25)
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