quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Francisco (DV-18)

Ganhei uma crônica do amigo Galeno Amorim por ser um Contador de Histórias, e é verdade, vejo que não sou muito bom para reuniões sérias e rápidas, gosto de contar histórias, e isso faz perder tempo. Mas o fundamento da crônica era sobre os meus Franciscos, lembrando que também sou Francisco.
Primeiro um descendente de escravos que morava na Fundação Allan Kardec, sô Chico estava curado de algum suposto problema psiquiátrico mas não tinha para onde ir, o então asilo, como bom espelho do espiritismo, o acolheu para sempre. Um maestro com as palavras Galeno o descreve: “O velho Francisco dominava algumas artes, uma era a de brincar com as palavras”, a outra o esmero por recuperar latas velhas transformando-as, colocava alças transformando-as em canecas. Apesar da forte oposição do sr. José Russo, eu adorava passar minhas tardes ouvindo suas histórias.
Um outro Francisco era o sr. Chico Cintra, também do Allan Kardec, pai da Shirlei e do Wanderlei, que também foi provedor da casa. Sô Chico foi responsável por uma das maiores fases de entretenimento da minha vida, e de muitos francanos, internados lá, ou não. Ele era responsável pelo cineminha, uma sala de projeção de filmes com uma máquina 16mm. Ali pude assistir cult movies imperdíveis, como O Fantasma da Ópera, no original, mas não faltavam as séries do Batman e Robin, Roy Rogers e o seu cavalo Trigger, o solitário Zorro e seu aiô Silver, Tarzan, Jane e o Tonto, e por aí vai.
Tem o Francisco, que também é Buarque de Holanda, no nosso programa radiofônico Horário Nobre, da década de 1970, nunca faltou. Dizem que ele e Caetano são os dois letristas que melhor reproduziram a alma feminina na música brasileira.
E o Francisco, o papa? Dois já tinham me chamado a atenção pela simpatia, os João Paulo I e o II, este último pude vê-lo de perto em Buenos Aires, sua obstinação para unir os povos foi contagiante.
Já o papa Francisco explode em simpatia, com algumas tiradas como, “não temos rivalidade, o papa é argentino, mas Deus é brasileiro”, se alguém falasse da mãe dele ele partiria para a briga e que não gosta do papa móvel por que não se vai a uma casa de amigos numa caixa de vidros. Espontâneo!
Em uma entrevista para Gerson Camaroti, quando esteve no Brasil, disse para os jovens: - Não fiquem vendo a vida passar, vão à luta, Jesus, com todas as dificuldades - e quantas, foi à luta para alcançar seus objetivos. Para notícias de escândalos - Faz mais ruído uma árvore que cai do que um bosque que cresce.
Disse algo emocionante, que serve para todas as doutrinas cristãs: A Igreja é mãe, não conhecemos mãe por correspondência, mãe toca, beija, ama, as pessoas buscam e sentem a falta do Evangelho, uma mãe cuida, acaricia e alimenta, mas não por correspondência.

Referência: 18.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 22/9/2018 - (DV-18)

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