sábado, 3 de novembro de 2018

O coração é onde mora a alma (DV-23)

          Sábado passado falamos sobre A Voz do Coração, na esteira de “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”, dito por Cristo, hoje vamos concluir (?) o assunto.
          No sepultamento de João Paulo II, o papa  Bento XVI destacou a imortalidade da alma afirmando: "Hoje nós enterramos os seus restos na terra como uma semente da imortalidade. Os nossos corações estão cheios de tristeza, mas ao mesmo tempo de uma alegre esperança e de uma gratidão profunda”.
          Já Renato Russo, anteviu o envolvimento do coração com os riscos da depressão causados pela solidão: “Quando não estas aqui, sinto falta de mim mesmo[…] Meu coração é tão tosco e tão pobre, não sabe ainda os caminhos do mundo. Quando não estas aqui, tenho medo de mim mesmo”.
          Com a afirmação: “Lembre-se, é fácil esquecer para quem tem memória, difícil esquecer para quem tem coração…”, Gabriel Garcia Marques,  abre uma licença poética que dá ênfase ao fato de que pensamentos entram e saem da memória, mas as informações que o coração retém são mais difíceis de esquecer.
          Em um jogo rápido: "Uma boa cabeça e um bom coração são sempre uma combinação formidável” (Mandela), "É o coração que faz o caráter (Eça de Queirós), “Pena é não haver um manicômio para corações, que para cabeças há muitos (Florbela Espanca)”.
          Confúcio (550 ac) tinha o coração como espelho da alma, “examina bem os teus pensamentos, e se os vires puros, puro será também o seu coração”, afinal, “as palavras são a voz do coração”, essa unanimidade é antiga, se quer mesmo estar seguro nos seus movimentos, ouça o coração, dizem todos.
          E o ateu e mordaz Nietzsche (1870), aquele da frase “Deus está morto!”, o que pensou disso tudo? "Coração encadeado, espírito livre — Quando se amarra bem o próprio coração e se faz dele um prisioneiro, pode-se permitir ao próprio espírito muitas liberdades”. É… parece que até quem não tinha credo, acreditou na força do coração, quer soltar o espírito, prenda o coração! Quanto à morte de Deus, não é bem assim, é preciso aprofundar-se no que o alemão prussiano quis dizer.
          O que se tem de mais velho sobre religião são os sânscritos hindus Vedas de 2000 ac, mas essa data se perde já que, como no imperdível cult movie Fahrenheit 451, os sábios os recitavam para as crianças decorarem, antes de serem escritos. Dali se extrai: "O coração é onde mora a Alma do Espírito vivo, e nele se localiza a Pessoa Suprema Krishna”, reencarnacionista, completa,"a entidade viva esquece tudo o que aconteceu em sua vida anterior”, mas ela permanece nos corações, é ali que se guardam as informações, explicam.

          Para encerrar, nada como acreditar firmemente no filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1650), “O coração tem razão que a própria razão desconhece”, precisa mais?

Referência: 23.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 03/11/2018 - (DV-23)

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