terça-feira, 4 de dezembro de 2018

1279 almas (DV-27)

Sempre que vasculhamos a história fatos novos surgem, um deles é que Franca sempre comemorou dois aniversários, tanto que fez uma bela festa de centenário em 24 de abril de 1956. Mas, para mim, agora são três. Explicamos, em 28 de novembro, razão do último feriado, a cidade foi elevada à Vila e, em abril de 1856, à cidade. Eu me lembrava das comemorações de um centenário da cidade (1956), como me lembro do asfaltamento da rua José Marques Garcia em 1957, mas, em termos de comemoração, a transformação em cidade perdeu a importância. Também não ganhou força a fundação do núcleo em 1805. Se fôssemos olhar por esse prisma, Franca teria 213 e não 194 anos.
Revendo, no século XVI, a partir de 1720, com descoberta de ouro em Minas e Goiás, começa a migração para essas paragens, Franca, pela proximidade, era uma dos últimos pontos de pouso para os viajantes, já era conhecida como Arraial Bonito do Capim Mimoso e com muitas referências ao comércio de sal. Em 1791, no então lugarejo, “com moradores dispersos”, é criada uma Companhia de Ordenanças, uma extensão da freguesia de Caconde e Moji Mirim. No ir e vir, muitos acharam nossas paragens bonitas e boas para a agricultura, enfim o minério tão aludido, principalmente de ouro, acabou não se materializando. Com o forte crescimento - veja - é criada, em 29 de agosto de 1805, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e do Rio Pardo, é o que diz o site de história da prefeitura.
A herança do sobrenome seria mesmo do governador da capitania Antônio José da Franca e Horta, ele vai se resumindo à Franca e o termo “da" Franca, amado por uns, odiado por outros, tem aí demonstrada a sua origem. A igreja matriz começa a ser construída em 1809, época em que os fazendeiros, que não saiam da roça, começam a fazer imóveis “para fins de semana”, no entorno do centro do povoado.
Aquele lugarejo no nordeste paulista se destaca, motivando Dom João VI a criar, em 1821, a Vila Franca del Rey, isso desagrada nossos vizinhos mineiros, da Vila São Carlos de Jacuí (com São Sebastião do Paraíso, Passos, extendendo-se até Ibirací), que queriam anexar as suas terras, encrenca que durou até 1824, em 28 de novembro, emancipando-se de Moji Mirim, é criada a Vila Franca do Imperador, é essa a data que comemoramos. 
Não couberam aqui personagens importantes, entre tantos, como o Capitão Anselmo e Monsenhor Rosa, mas eles terão os seus capítulos, mas veja que poética a defesa do porquê para elevação à Vila: "é útil e interessante a bem do Estado a pretensão dos suplicantes, pois êstes já constituem um núcleo de 1279 almas (…) e ainda mais porque o terreno é delicioso, com excelentes campos para todo gênero de animais e faisqueiras de ouro”(adaptei). Almas e não cidadãos.

Referência: 27.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 01/12/2018 - (DV-27)

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