sábado, 5 de janeiro de 2019

A costura do tempo (DV-32)

        Dizem que o francano genuíno é saudosista, espero que sim, a história perpetua fatos e sedimenta o futuro. Nessa esteira comecei refletir sobre fatos interessantes vistos ou vividos de 1950 para cá.

        Primeiro o crescimento do bairro Cidade Nova, o Aparecido, do Supermercado São Paulo, fala que viu a av. Presidente Vargas ser asfaltada em 1957, estava em dúvida, mas foi o Gosuen sim, mesma data que lembro de ter visto asfaltar a rua José Marques Garcia, período que começavam a se popularizar os aparelhos de televisão, da primeira só vi um brilho no teto pela janelinha de vidro de uma porta antiga. 
        Do período escolar tiramos, além do bom ensino público, o fato de ter, entre tantos professores maravilhosos do IETC, o de educação física, Pedroca, onde também estudavam os irmãos Garcia, que viriam formar o fabuloso time de basquete do Clube dos Bagres, o resto da história conhecemos. Dos ótimos docentes da área contábil da Pestalozzi, o destaque fica para Luis Puglia, e, na Economia, para Facury e Kaluf.
        Na juventude espírita tivemos o prazer de conviver com Thomaz Novelino, Antonieta Barini e Agnelo Morato, vendo a força de José Russo, Vicente Richinho e de meu pai Leonel, é claro.
        Na imprensa, de Reny Parzewski e Magno Dadonas, foi contundente acompanhar para a Folha o saturnismo, intoxicação por chumbo, não lavaram placas para fazer tachas que os montadores iriam colocar na boca, foi uma tragédia.
        No rádio tivemos o programa Horário Nobre, aos sábados à tarde, na Imperador do Augustinho e Penha, co-pilotado pelo Greguinho, com discos nacionais e importados pela Hedonê do querido Fábio Martins de Ribeirão. Lembro que uma freira em clausura queria de saber quem era o músico que acabava de tocar, era Paco de Lucia, espanhol flamenco que fez a trilha sonora do filme Carmen de Carlos Saura.
        Com o Clube da Esquina, nome de inspiração proposital, fizemos três Fearte, um mês de atividades culturais, nossa única receita foi o resultado de uns adesivos plásticos que vendemos à sombra do Hotel Francano, ali conheci Maurício Sandoval Ribeiro, que iríamos assessorar no futuro.

        Pelo teatro participamos de O Dia de Pierrot e Está Lá Fora o Inspetor, com Eurípedes Carvalho, Vanderlei Faleiros, Sidnei Rocha, José Paschoal e Reginaldo Emídio, navegando pela censura com Orlando Dompiéri. Por isso fui convidado pelo querido Marçal para ser Diretor Social da AEC, resgatamos a orquestra Laércio da Franca, estava encerrado suas atividades.

        Profissionalmente não dá para esquecer dos anos de docente no Coleginho e Alto Padrão, e da atividade nos Calçados Terra e Sândalo, enorme apoio dos Brigagão.
        Ter visto Pelé jogar, a queda do muro de Berlim, a soltura de Mandela e o fim da URSS, também marcaram. Pode ser pouco para os 69 anos que completamos hoje (5/1/2019), mas é assim mesmo, cada um escreve um pedacinho da história, nem que seja só da sua própria.


Referência: 32.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 05/01/2019 - (DV-32)

Nenhum comentário:

Postar um comentário