sábado, 29 de dezembro de 2018

O Olhar de Dona Maria - (DV-31)

Uma vez disse para minha mãe que o ano “que vem” ia ser muito complicado, daí tive que ouvir essa: “filho, tenho quase 70 anos e todos os anos ouço que o seguinte será muito difícil, os que vivi sempre foram um melhor do que os outro, então, sejamos otimistas, o ano que vem será melhor que este”. Dona Maria Nalini era assim, otimista, talvez dela tenha herdado também a calma, fundamental para praticamente todos os atos de minha vida.
Antevendo o que virá em 2019, coloco um pouco da visão do economista e um pouco do olhar de dona Maria, mas… não tirando do foco o imponderado, ótimo para trair previsões, fatos que afetam a economia e não se tem como prever, as tais fatalidades.
A primeira coisa que um ano precisa é de estabilidade, não pode ter nenhum movimento armado, digo, revoluções, guerras, como a Guerra das Malvinas, por exemplo, já mencionadas, quase no nosso quintal. A economia retrai, ninguém investe, atrasa o progresso por anos. Aparentemente não há esse risco, as Coreias estão reinaugurando a ferrovia que as liga, desativada por quase 50 anos. Parece que, tirando o muro, o Trump sossegou um pouco o facho e a Venezuela, que poderia ser um risco, só tem um presidente falastrão, com isso não assusta ninguém.
Depois, e talvez mais importante, vem a estabilidade política, no primeiro ano de um governo, sempre temos uma pulga atrás da orelha, mas o que se supõe é que ele faça o prometido na campanha, razão pela qual recebeu a maioria dos votos. O Brasil tem tudo para receber bons investimentos, mas precisa demonstrar que os merece, isso já começou ocorrer. 
A base política do próximo governo, no novo legislativo, migra do centro para a direita, imagina-se que, se não tiver uma ampla maioria, não deverá ter um oposição predadora. Só veremos isso lá para julho, quando o Congresso tiver sido testado, à primeira vista não deverá ser fator de desestímulo para a economia.
Um país de dimensões continentais, com pontos que carecem de investimentos profundos, não é fácil de se administrar, nossa infraestrutura - estradas, portos e aeroportos, precisam responder melhor, o turismo, excelente fonte de renda, carece da queda da violência, principalmente tendo o Rio de Janeiro como porta de entrada.
A previdência precisa ser tratada com carinho, inclusive por estados e municípios, a Grécia demonstrou o que acontece quando ela quebra, desaposentou muita gente e/ou reduziu drasticamente o valor dela de boa parte da população. Ou se faz uma reforma inteligente ou morreremos todos abraçados.
O serviço público tem que se modernizar e profissionalizar, as questões corporativas precisam ser bem administradas, lutar contra os antagonismos, por onde passei sempre encontrei servidores de muita qualidade, precisam ser melhor aproveitados.
Então, com esse olhar duplo, imaginamos que 2019 pode representar uma retomada, mas tem enfrentar esses gargalos.

Referência: 31.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 29/12/2018 - (DV-31)

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