terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A senha preferencial (DV-76)

Ninguém torce para ter preferência aos outros por causa da idade, claro está se tornando um idoso. Com sorte e com cuidados todos entram na adolescência, se tornam jovens e bum, rapidamente já é um adulto! Daí começa a contagem regressiva do enta, e vai ouvir - não sai mais, serão quarenta, cinquenta, sessenta anos, e por aí irá.
Elliot Jacques, canadense, sugeriu que há um estresse quando  se transita entre os 40 e os 60 anos, é a crise da meia idade. Por outro lado, os simpáticos apelidos que dão para o idoso, apenas quer dizer que ele está na terceira idade.  Eu já resolvi o meu problema, enquanto eu gostar dos Beatles vou ser um jovem!
Quando fazemos 60 anos, pelo menos comigo foi assim, evitamos utilizar a preferencialidade, primeiro com vergonha que as pessoas descubram que você já a atingiu, depois porque ela deveria ser atribuída a quem realmente precisa, mas acaba se acostumando. Antes de continuar a ler, quero dizer que a grande maioria desse serviço é excelente, mas também tem alguns micos isolados.
Nunca tinha pego senha preferencial, até que um dia, com agenda estourada, reunião por começar, fui buscar uma encomenda, pela primeira vez a peguei. Fiquei andando pra lá e pra cá, vi que as pessoas sem preferência já tinham sido todas atendidas, não aguentei e perguntei - moça tenho a senha preferencial e a fila já rodou três vezes. 
Era a minha vez, o atendimento era sentado, por uma senhora extremamente simpática, puxou um longo papo, perguntou onde eu morava, o que fazia, que simpatia… valeu o dia, a agenda estourou, uma reunião não pode ser feita com tanta preferência, rsss. Às vezes atendimento preferencial não combina com pressa.

Depois, em um cartório, nova experiência, na correria voltei a perguntar - existe preferência no atendimento? A moça disse - o senhor sente naquela cadeira com capa vermelha que será chamado. Cheguei na tal poltrona, estavam lá as figuras de uma bengalinha, da cadeira de rodas (?) e a de uma grávida, tive uma impressão muito ruim, lembrei dos judeus que eram reconhecidos pela tarja amarela, depois pensei em uma moça no início da gravidez que fosse sentar lá, pensariam, é golpe! Sentei não, fui para o fim da fila!

Referência: 76.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 23/11/2019 - (DV-76)

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