sábado, 6 de outubro de 2018

As duas Alemanha (DV-08)



     
A diferença de humor e envolvimento da Alemanha no Brasil.

Não poderia, numa época dessas, não falar em futebol, parafraseando Jô Soares, têm os que gostam de futebol e os mentirosos. Ele usa isso para falar do medo de avião e, claro, têm as exceções óbvias, os que não gostam mesmo!
     Essa máxima está vinculada à reação do país, certamente estamos diante de uma de  nossas últimas unanimidades, gostar da seleção brasileira, mesmo quando perde feio no último evento mundial.
     Como não sei ainda o dia da publicação desse artigo, vai com o sentimento de hoje.
Nas conversas do cotidiano, quando me perguntavam o que eu achava do time brasileiro este ano, eu dizia, e digo: 
     O grupo é quase o mesmo de 2014, não imagine que, mesmo que extingam o futebol da Alemanha, os 7 a 1 jamais sejam esquecidos, esse resultado foi forjado em aço puro, nunca mais apaga, é só ver a derrota para o Uruguai em 1950, minha idade. Toda as vezes que a imprensa fala naquele país lembra do fato.
     Então o que mudou? Os meninos brasileiros em 2014 eram muito jovens, as redes sociais começavam a bombar, e tinham mais importância que agora, estavam emocionados demais, eles entravam chorando em campo, principalmente na hora do hino nacional. 
     O técnico à época estava por conta de participar de dezenas de propaganda publicitárias, vendeu de tudo.
     Perder ou ganhar faz parte do esporte, da disputa, mas que temos um grupo muito mais sério, concentrado e responsável, não tenho dúvida nenhuma, nem vou falar sobre o Tite, ele está demonstrando a sua liderança.
     E porque duas Alemanha?
     Simples, a que esteve no Brasil veio para ganhar, fez um futebol competitivo e habilidoso o suficiente para surpreender até o time da casa, os argentinos, que também estão num vácuo sem fim, ainda quase que tomam o título deles. Mas para esses nem tango resolve.
     Por outro lado, a Alemanha de hoje tinha cara de tédio, só não conseguiu ser mais tediosa que a Espanha, que tem um futebol tic tac - ficam trocando a bola até pegarmos no sono, modelo que, aparentemente, também já era.
     Dois times para mim se mostram muito fortes, fora o nosso, mas só passou um, França e Uruguai, o primeiro mais instável, o segundo uma rocha, defesa fortíssima, ataque de primeira grandeza.
     O Brasil, como disse resolveu focar, tirou a máscara de ser sempre o melhor do mundo, desceu de um enorme salto alto e colocou a razão à frente da emoção.
     O resto fica por conta dos deuses do futebol(*).

(*)  Este artigo foi publicado ainda não havia ocorrido as quartas-de-final na Copa do Mundo de Futebol de 2018, errei feio no Uruguai, mas acertei em cheio na França, quanto à Alemanha, o próprio técnico Joachim Löw, que já renovou até 2022, considerou que errou na convocação, o grupo recém campeão de tudo, estava todo desinteressado pelo torneio.

Referência: 8.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 13/7/2018 - (DV-07)

Da eliminação precoce no copa da Rússia

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