Tem certas pessoas que guardamos no fundo do coração por as ter conhecido, certamente uma dessas, para mim, é o Pedro Morilla Fuentes, o Pedroca, hoje nome do estádio do basquete francano, o templo Pedrocão.
Mais que ser apenas um conhecido, valeu muito ter convivido com ele, e já posso adiantar o objetivo deste artigo, nunca convivi com uma pessoa tão idealista como ele, todas as vezes que tinha o direito da palavra defendia uma tese de massificação e excelência do esporte, muito mais pelo basquete, é claro.
Um currículo de dar inveja, entre os feitos ter sido 7 vezes campeão brasileiro e 2 vice-campeão mundial, sei que isso vai além, mas, confesso que, em sistema de busca comum, não há nada do Pedroca na Internet, pensei que ia tirar essa de letra - a consulta das estatística, mas nada, de 3 páginas encontradas uma tinha um parágrafo - Wikipédia, as outras já foram tiradas do ar.
O primeiro contato com Pedroca foi no ginásio, no IEETC, onde ele era professor de educação física, começo dos anos 1960, quando os professores ainda tinham “cadeira”, ganhavam relativamente bem e eram muito reconhecidos, os alunos dessa época recitam a seleção de seus professores, como os entendidos sempre sabem a escalação de época dos grandes times de futebol.
Com ele fazíamos sempre demonstração de ginástica de solo, um modelo jurássico da ginástica olímpica, quantas vezes nos apresentamos no Clube dos Bagres, para os alunos mais treinados ele acrescentava aparelhos que tínhamos que saltar e fazer rolamento ao cair. Nessa modalidade fui como reserva da equipe francana nos jogos estudantis (não lembro se eram os jogos abertos do interior). Da equipe me lembro do Ivan Gato (por ser ótimo goleiro de futsal) e dos irmãos Moge, o mais novo se machucou e eu fui escalado, viemos vice-campeões do estado.
Em 1983 estivemos com ele no Sul-americano (Guerra das Malvinas) - Última vez que o Hélio Rubens jogou internacionalmente - Pela FSP |
Mas aí tem uma confissão, acho que ele me convocou por ter utilizado um dos aparelhos, chamado Plinto, e dado um salto mortal, girando o corpo todo uma vez no ar, levei uma baita bronca dele (isso era fácil, nunca negava). Detalhe, na verdade errei o salto, tinha que pular o aparelho e cair rolando do outro lado, não medi corretamente a distância e improvisei, valeu, depois da bronca uma medalha no futuro.
Com a morte do Frias, da Folha de S. Paulo, me lembrei que havia entrevistado Pedroca como correspondente em Franca daquele jornal, a entrevista ocupou dois terços da página de esportes, em edição nacional. Ela foi publicada em 10 de abril de 1983, ele tinha acabado de deixar de treinar o time francano, aparentemente cansado, um pouco desiludido com a condução do esporte no país, disse que devia ter saído antes, principalmente para dar ao Hélio Rubens a chance da continuidade. Segundo Pedroca, Hélio já estava pronto há tempos.
Dentro de seu ideal olímpico, queria ocupar todas as praças, fossem ou não esportivas, elogiava Cuba pelo seu desempenho, à época, nesse sentido, achava que, sem isso, jamais teríamos um basquete no nível do americano, isso realmente o entristecia. Na entrevista criticou a elitização dos esportes, principalmente a CBB, que investia todos seus recursos nos melhores jogadores, sem formar as bases.
Foi diretor de esportes da Prefeitura, ao encerrar a carreira de treinador, e sempre me ligava, ele foi casado com uma prima, isso o levou a um grau de amizade que me orgulho muito!
Referência: 15.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 28/8/2018 - (DV-15)
Nenhum comentário:
Postar um comentário