sábado, 29 de dezembro de 2018

O señor periodista e o papa João Paulo II - (DV-30)

        Acompanhar o basquete francano em um campeonato sul-americano, no Uruguai e na Argentina, foi um dos eventos mais importantes da minha amadora carreira de jornalismo. Foi em 1982,  fui como correspondente da Folha de S. Paulo e, de forma excepcional, da EPTV, que acabava de inaugurar sua torre na cidade e só tinha 3 anos de vida.

        Dois fatos marcantes na Argentina, sua realização ocorreu durante a guerra das Malvinas e Buenos Aires contou, no mesmo período, com a visita do papa João Paulo II, que foi tentar encerrar a guerra, conseguindo um fundamental cessar fogo.

        De Montevidéu, me lembro de que era uma cidade limpa, organizada e com um custo de vida superior ao nosso, a moeda estava estabilizada, além é claro, da movimentações de aeronaves de guerra no aeroporto, foi aberta uma exceção para que recebessem  aviões hospitais ingleses. Ah, tinha cassino e o Hélio ganhou! Rss.     

                     

        Por culpa da guerra, quase que os jogos só ocorrem no Uruguai, mas, depois de muito impasse, fomos para a capital portenha.

        No embalo de um alvoroço em Buenos Aires, em uma avenida, quem vimos? Um dos papas mais simpáticos e atuantes da história, Karol Wojtyla, em seu blindado papa móvel. Onze meses antes, em 1981, fora vítima de um atentado. 

        Na avenida Corrientes, por onde ele passou, em uma banca comprei um botton, pins patrióticos com o argentino azul e branco, uma autêntica e encapotada senhora argentina veio conversar comigo, pedi para falar devagar, ela me abraçou e disse chorando: hermano brasileño, tristeza compreensível.   

        Interessante saber naquela altura que Buenos Aires tinha uma avenida chamada Florida, e não Flórida, com seu calçadão onde veículos o atravessam… bem devagar, Franca estava consolidando os seus. As roupas de couro estavam baratas, com o adendo do “aceptamos cruceros”, a guerra havia desvalorizado a moeda local, o cruzeiro brasileiro valia mais. Depois voltamos várias vezes lá, cada época com sua história e momento econômico.

        Nos jogos soube que eu era um 'periodista', jornalista em espanhol, pois sempre tinha um funcionário administrativo chamando o tal señor periodista, eram os demais órgãos de imprensa brasileiros, ao telefone nos chamando, querendo saber os resultado dos jogos, celulares faziam falta, imagine isso hoje.

        Sem contar os vendedores ambulantes aos berros, seria o saudoso Jubileu e sua troupe!?! Não, não era amendoim, salgadim, torradim, eram papitas, batatas fritas, as industrializadas em saquinhos.

        Para a EPTV gravávamos por telefone, da mesma forma dos repórteres da Globo que cobriam a guerra, a minha imagem ficou gravada antecipadamente, montavam com um mapa do cone sul ao fundo. Fiquei por muito tempo explicando que cobri jogos do sul-americano de basquete e não a Guerra das Malvinas, foi muito curioso.  

  

        E os jogos? Foram os últimos do Hélio Rubens no exterior, no ano seguinte ele substituiria o Pedroca na direção do basquete, o time não foi campeão por pouco, diferente desse ano, um dos dois jogadores, convidados do Sírio, não acertou 3 dos 4 lances livres finais, que decidiriam o campeonato a favor de Franca.

    Duas coisas, o Hélio jogou muito, e nossa ida foi indicação do amigo Realindo Jr., que era do Estadão. Hoje ele colabora com seus artigos aqui no nosso blog, que é de Franca, com muitas saudades. 


Referência: 30.a coluna publicada no Diário Verdade, jornal de Franca - SP - em 22/12/2018 - (DV-30)

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