segunda-feira, 10 de junho de 2019

Raiva ou ódio? (DV-53)

A frase “a raiva é um veneno que bebemos esperando que os outros morram", poderia ser atribuída aos chineses, mas também poderia ser hindu,  pelo seu enorme transcendentalismo, reflexões assim cabem na filosofia de ambos os povos. 
Mas curiosamente é atribuída a William Shakespeare, pode ser, o dramaturgo escreveu muitas peças sobre intrigas, tendo como ícone Romeu e Julieta, e, junto a incontáveis diálogos produzidos, tem o existencial "ser ou não ser, eis a questão”, em Macbeth. 
Essas frases vão sendo apossadas, adaptadas e reescritas para que caiba no pensamento de quem as utiliza. Um campeoníssimo em citações é Chico Xavier, tudo que tiver escrito de bonito é dele, daí os espíritas lembram que não é bem assim. Há de se concordar que o médium teve uma vida exemplar, 92 anos de humildade impar, com tiradas pessoais fantásticas, mas o que ele psicografou e está publicado em mensagens e livros foi um espírito que o inspirou, como é o caso de Emmanuel, que o acompanhou a vida toda. Simbiose maravilhosa.
Eu sempre utilizei a frase de Shakespeare mencionando o "ódio" como veneno e não a “raiva”, esta última demonstra algo mais passageiro, mas o ódio não, ele é profundo.
Nessa linha, anos atrás, assisti um diálogo entre dois amigos, um não perdoava a algumas pessoas por o terem traído profissionalmente. O apaziguador disse: “querido amigo, reconheço que essas pessoas te fizeram sofrer, imagino que não as perdoará, mas o ódio que você alimenta não alterará o futuro deles”. 
E argumenta, o que define o futuro de cada um são seus próprios atos, "esse ódio que você nutre, já se auto-explica, está deixando é você doente. Sem contar o traço que faz à tua alma".
Disse ainda, "não há como se transportar ao passado e o modificar, melhor seria mesmo que os perdoasse, hoje você já tem uma nova vida, eles também, muitos anos se passaram”, e completou - nada escapa aos olhos de Deus.

Depois de algum tempo encontrei o aconselhado e ele me disse, sem que eu perguntasse: - "Lembra daquela conversa? Já até oro por eles". Não tem lição cristã melhor.
E aí? O que fica melhor na frase - ódio ou raiva?

Referência: 53.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 8/6/2019 - (DV-53)

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