segunda-feira, 12 de agosto de 2019

As vozes de Jona D'Arc (DV-60)

Vira e mexe volta o assunto sobre bruxas. Nas obras de ficção, regra geral, sempre são mulheres fora de seu tempo ou com informações extraordinárias que não interessam em nada o status quo da época. É óbvio que estamos abordando uma época medieval, ficando fácil analisar 600, 700 anos depois. Nesses casos tem que se respeitar o espírito, a cultura e a evolução da época. Duelo com morte, por exemplo, já foi permitido e admitido como algo legal.
Mas estamos falando de fogueira e, entre tantos casos que terminaram nela, temos o do sacerdote tcheco Jon Huss (1415) que, mesmo não sendo considerado bruxo, queria uma igreja mais moderna e não admitia que se arrecadasse dinheiro em nome da religião, ele acabou inspirando o Protestantismo.
Já Joana D’Arc devia ser um símbolo do empoderamento feminino, ela, aos 19 anos, se adapta visualmente aos soldados da época, cortando curto os cabelos e vestindo a mesma farda deles, comanda com sucesso as tropas francesas contra as inglesas na Guerra dos 100 anos (1337-1453), causa inveja a comandantes, capturada e julgada termina a vida na fogueira (1431).
A captura dela foi por franceses que apoiavam os ingleses, mas também tem um pouco de - o que está fazendo em uma guerra de homens (?) uma moça de 19 anos e que ainda ouve vozes, não só ouve, como também vê quem as fala? Passou a ser um grande perigo, principalmente por ter conseguido comandar homens e vencer batalhas. Daí para a heresia foi um passo ao lado.
Joana D’Arc começou a ouvir vozes com 13 anos, ela dizia que  vinham da igreja dentro de clarões, não as entendendo muito no começo, mas depois declara que seriam do arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. 
É… as vozes tentavam fazer uma intervenção em uma guerra sem fim, sugerem que ela não se afaste da igreja e que se apresente para comandar soldados e libertar de um cerco a cidade de Orleans. O que acaba acontecendo.

Esta história de ouvir vozes e mensagens de um plano diferente do nosso não é uma exclusividade de Joana D’Arc, mas hoje a história foi dela. Magnífica e predestinada, tem sim que ser um símbolo.

Referência: 60.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 27/7/2019 - (DV-60)

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