terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Franca bicentenária (DV-79)

Abril de 1956 - Franca está agitadíssima e em festas, enfim no próximo dia 24 será comemorado o centenário da cidade, pipocam nos jornais as poesias, muito comuns àquela época, tudo virava prosa e verso. Todas enalteciam os bandeirantes, os cafezais, as três colinas, o capim mimoso e o Imperador, que foi só uma homenagem, ele nunca esteve nas nossas paragens.
Nesse período houve também um concurso poético para escolher qual verso seria gravado na Água da Careta. O velho jatobazeiro infelizmente tinha caído, a praça Barão estava triste, ele ficou ali mais de 50 anos, desde o início do século.
Um versinho de meu pai, Leonel Nalini saúda a Rainha do Centenário, Ana Maria Minervino - dizia que as flores nos jardins iam abrindo enquanto ela passava. A miss Franca era Raquel Ribeiro.
Ah, não poderia faltar o selo comemorativo com a matriz e o Relógio do Sol, você tem um? No hino do centenário Jaime Bruna exalta o lado “paulista" do francano que não aceitou ser incorporado pelo sul de Minas, Sou Leal ao Meu Povo Paulista, brada, está em latim no brazão da cidade.
O governo paulista ajuda com 250 mil cruzeiros as comemorações e um belo desfile com todas as escolas é realizado. 
A Santa Casa de Misericórdia, com benção religiosa e tudo mais, inaugura o seu primeiro aparelho de raio x. A Casa Hygino - o ML da época, já tinha comemorado 100 anos também e se considerava um loja moderna, e era.
Só que não!
Mais recentemente verificou-se que, na verdade, a autonomia do povoado foi conquistada em 28 de novembro de 1824, quando ganhou o status de Vila Franca do Imperador, então - em tese - o centenário devia ter sido comemorado em 1924 e não em 1956.
No próprio site da Prefeitura, nas páginas dedicadas à  história, é registrado sobre a elevação à cidade em 1856: "mas esse não passa de um título honorífico, pois é com a criação da vila (1824) que o arraial adquiriu autonomia”. Daí justifica-se a mudança  feita na data de aniversário da cidade.
É um bela e inocente confusão histórica.

Daqui há 5 anos comemoraremos o bicentenário, quem participou das comemorações em 1956 poderá dar um salto de 100 anos em muito menos tempo.


Referência: 79.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 14/12/2019 - (DV-79)

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