terça-feira, 24 de dezembro de 2019

O relógio reluz ao sol (DV-78)

O apego à história certamente está no envolvimento que você tem com ela, claro que é cultural. A reinauguração do Relógio do Sol vai muito além de um simples romantismo, estamos falando de um momento vivo, ele não mede batimentos cardíacos como os relógios atuais, mas viu e mostrou o passar das horas por 132 anos na nossa cidade, é muito representativo. Fruto de inúmeros trabalhos científicos, é necessário estudar muito para entendê-lo na íntegra.
Traçando uma linha do tempo vemos que, quando foi inaugurado em 11 de abril de 1887, ainda não havia sido proclamada a república, o resto da história você conhece. A população era de aproximadas 9.000 pessoas, menos que as transitam pelo complexo central da cidade hoje, e, felizmente, um ano depois, em maio de 1888, seria abolida a escravidão para 1400 dessas almas.
Olha ele aí.... acompanhando a construção da futura Catedral

A igreja matriz começou a ser construída em 1809, uma casinha, o templo atual começa a ser erigido em 1898, doze anos depois do Relógio. Ainda em obras teve a primeira missa em 1913, mas só iria ser inaugurada em 1926. É comum publicarem fotos com as obras da atual matriz e o Relógio ali firme, só prestando atenção no seu crescimento.
Na semana passada brinquei que o Monsenhor Rosa certamente esteve na inauguração em 1887, agora é certeza, foi ele que trouxe para Franca o padre Germano - um cientista francês radicado no Brasil. De forma curiosa ele une César Augusto Ribeiro,  maçom português, um dos que editavam o jornal O Nono Distrito, e o padre Cândido Rosa, para que ele viesse a ser construído, foi um pacificador na rixa que reinava entre ambos. Também teve papel importante na vinda das irmãs que fundariam o Colégio de Lourdes, depois o Colégio Champagnat, que não chegou a ver.
Frei Germano tem uma biografia vastíssima, tentou voltar para a Europa, passando pelo Vaticano, mas faleceu antes de sair do país, só com a roupa do corpo, mas até experiências pioneiras com a energia elétrica ele fez, há relatos de exibições importantes em São Paulo.

O Relógio do Sol não é monumento qualquer, ele é testemunha da história francana e do país, precisa ser preservado, estar em um roteiro oficial do turismo francano, quiçá com guias oficialmente formados.

Referência: 78.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 7/12/2019 - (DV-78)

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