domingo, 15 de março de 2020

O imaginário popular (DV-92)

Longe de subestimar o pânico que está ocorrendo no mundo, fico observando como cada um dá o seu trato para uma notícia. Há uns dez dias uma mãe contou que, em diálogo com o filho, fez as observações necessárias para que ele evitasse contato com coleguinhas que tossissem ou espirrassem, ele sempre tinha um contraponto a fazer - mãe nós ficamos em fila, não tem jeito… mãe ele senta atrás de mim. E assim por diante.
Ela, sentido-se vencida, decreta - Só se eu  tirá-lo da escola! Levei um susto.
Respeitamos as preocupações, claro, mas ficamos também de olho no poder do imaginário popular. As fake news, as notícias falsas, ganham força porque somos impelidos a provar que a nossa notícia é bem mais grave que a do outro, isso não colabora com nada.
Antigamente se dizia, que conta um conto aumenta um ponto.
Uma vitória histórica da mentira aconteceu em 1938 nos EUA, uma notícia que alardeava a queda de um meteoro, que havia matado mais de 15 mil pessoas, depois que não era bem um meteoro e sim uma nave marciana que trouxe uma população bélica daquele planeta, que já desciam atirando. Era uma adaptação para o rádio do filme de Orson Welles, tão bem feita, que levou os americanos à comoção, mesmo depois de 82 anos é a mentira mais famosa mundo até hoje.
As fake news são um instrumento muito forte da política, e olha que isso já faz tempo, mesmo antes dos aplicativos já eram muito usadas. Tinham técnicas assustadoras, visitar e convencer os formadores de opinião de que algo muito terrível rondava determinado candidato, principalmente se estivesse bem cotado. Colocavam um exército de cabos eleitorais nos ônibus puxando conversa e levando essa preocupação. O mesmo com os motoristas de táxis - sim já foram influentes, e com as moças que cuidam da beleza das mulheres.
O pior é que muitas vezes deu certo, em 1945 esparramaram que o Brigadeiro Eduardo Gomes havia dito que “não precisava dos votos dos marmiteiros”, se referindo aos pobres, ele viu a enorme preferência que tinha cair e foi eleito presidente o General Eurico Dutra. 
Você não ia querer que eu contasse de algumas mentiras recentes, não é. Mas é bom ficar atento.

Referência: 92.a coluna publicada no Verdade, jornal de Franca - SP - em 14/03/2020 - (DV-92)

 

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