sábado, 28 de novembro de 2020

Franca rumo ao bicentenário.

Os francanos não são bairristas,
amam realmente a sua cidade e sua história,
é diferente, não é um falso orgulho, é um amor real,
puro, simples e natural, o que faz dele muito grande. (FSN)

  Desejando à Franca muito progresso, saúde e paz para sua população, nos 196 anos comemorados hoje, encerramos a série de seis artigos sobre sua história que fizemos aqui para o Verdade, um agradável exército ao longo dessa semana.

Foto Wender Henrique (Wikipedia)

Reiteramos a proximidade da comemoração dos seus 200 anos, e só faltam 4. Quem estiver dirigindo a cidade a partir do ano que vem ficará marcado (a) para sempre: será o prefeito ou prefeita do bicentenário.


Temos esses 4 anos para nos preparar, supõe-se que a equipe do Museu José Chiachiri, com seu acervo espetacular, busque também apoio de outras entidades e pesquisadores avulsos, muitos falecidos, mas aí é bom entrar em contato com suas famílias. Não vamos correr o risco de sugerir nomes, mas basta uma leve pesquisa para ver que muitos são mencionados em documentos recentes.


Quem sabe a partir de janeiro já se forme um grupo para esse preparo. Não vai ser difícil, além do Museu tem também os estudiosos da UNESP com suas inúmeras teses e artigos publicados sobre a história de Franca e o envolvimento de sua região. Fazer este estudo é um exercício imperdível.


É uma questão de vocação, e isso temos por aqui, os francanos não são bairristas, amam realmente a sua cidade e sua história, é diferente, não é um falso orgulho, é um amor real, puro, simples e natural, o que faz dele muito grande.


Denominações


Franca já foi de um rei, de um imperador, teve exaltado o seu capim, tem como referência as 3 colinas. Seu fundador, o capitão mineiro Hipólito Antônio Pinheiro, encantado pela região refere-se ao local como "Belo Sertão da Estrada de Goiás” em um documento feito para o Governador da Província (Estado de SP) em 6 de agosto de 1805. 


Ele reclamava na sua representação do expansionismo mineiro patrocinado pelos por moradores e autoridades da Vila de São Carlos de Jacuí (São Sebastião do Paraíso e proximidades), brinquei com esse fato para fazer desse dia o Dia do Francano, já que ocorreu antes de ser fundado o povoado. Por causa dessa forte defesa de seu território Franca foi considerada pelo Prof. Carmelino Corrêa Júnior a “Sentinela do Nordeste Paulista”.


A região, que tinha nossa cidade como centro, também era conhecida como "Belo Sertão do Rio Pardo", entendendo esse território como uma expansão desse rio até ao Rio Grande. Depois passa ser tratada como “Belo Sertão da Estrada dos Goiazes”. Na fundação, em 1805, é denominada de “Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e do Rio Pardo"


Em 31 de outubro de 1821 é assinada, pelo Governo Provisório, a criação da Vila que viria a se chamar "Vila Franca D'el Rey”, o que não se concretiza uma vez que, proclamada a Independência do Brasil em 1822, e pelo fato de isso se oficializar só em 28 de novembro de 1824, o nome oficial passa a ser  "Vila Franca do Imperador".


Por tempos imaginou-se que o Imperador Dom Pedro I poderia ter vindo para cá, nada disso, era prática à época homenagear a autoridade que assinava essas ascensões e autonomias.


Nos artigos anteriores não me referi, mas estudos dos professores José Chiachiri, pai e filho, atribuem também à esta região o nome de “Estrada do Sal”, antes de ser “dos Goiases”, no início dos anos 1700 "levava o sal marinho e outros produtos às povoações do interior de São Paulo e Minas Gerais, onde se criava gado vacum. O sal proviria do porto de São Vicente, para onde era destinada a produção salineira do País, situada, principalmente, no Nordeste”, diz o estudo.


Na mesma esteira aparece a referência sugestiva de "Arraial Bonito do Capim Mimoso” por volta de 1750, nem é necessário dar asas à imaginação para vislumbrar as belas pastagens que havia por aqui, partes descampadas, muita água, foi uma combinação natural muito atrativa. Tivemos que ir aos dicionários: o capim mimoso, oficialmente é “… da família das gramíneas, de folhagem fina e inflorescências delicadas”.


O povoado começa a ser notado


Nos seus primórdios a cidade vai se modelando, em forma de um tabuleiro, a partir da Catedral e das praças centrais, mas era muito rural, os proprietários só vinham para o chamado centro nos fins de semana, o modelo era todo rural, prevalecendo o gado e as plantações. 


Tirado do site de história da Prefeitura consta que, em 1818 o viajante Luiz de D'Alincourt, observou que o arraial estava bem arruado, com ruas pouco povoadas, a exceção do Largo da Matriz que estava "mais guarnecido de casas, que são construídas de pau a prumo, com travessões e ripas, cheios de vãos de barro e as paredes rebocadas com areia fina", geralmente pequenas e cobertas de palha.


Outro viajante Auguste de Saint Hilaire em 1819 lembra que: "O arraial de Franca, onde parei, fica situado num aprazível descampado, em meio a extensas pastagens alpicadas de tufos de árvores e cortadas por vales pouco profundos. O arraial ocupa o centro de um largo e arredondado, sendo banhado dos dois lados por um córrego. Não havia ali, à época de minha viagem, mais do que umas cinqüenta casas, mas já tinha sido demarcado o local para a construção de várias outras. Era fácil ver que Franca não tardaria a adquirir grande importância”.


E hoje?


Temos no Brasil a síndrome da cidade grande, então vamos comparar: Franca seria a 17.a cidade da Alemanha, maior que Bonn e estaria nas estatísticas daquele país por ser uma das 20 maiores; seria a 5.a cidade da França, maior que Lille e Dijon, certamente estaria no centro das decisões administrativas dos bleus; seria a 9.a cidade da Itália, maior que Verona e Veneza, paro por aqui, mas é uma diversão legal para você fazer, qual é o tamanho de Franca?


A posição geográfica estratégica, como uma das últimas paradas antes de deixar o Estado de São Paulo, o clima ameno, a formação com muita água e vegetação de primeira, somados os entrantes mineiros que acabam por dar os primeiros cunhos familiares e políticos para o lugarejo, afastando a influência negativa de aventureiros que aqui estavam, traçam o perfil de Franca para sempre.


Perfil este de um povo muito trabalhador, uma cidade independente, com boa culinária, coleciona indicações com local perfeito para morar, saneamento básico exemplo nacional, o esporte coleciona títulos, inclusive mundiais, se não a veterana, que tanto amamos, temos uma outra ótima denominação: A Cidade do Basquete. 


É isto, Franca já foi capital de muitas coisas, do calçado e do basquete não tem discussão, mas a série de nossos artigos provou que reúne outras tantas qualidades, somos sim um exemplo de brasileiros, mais ainda de paulistas, mas nos esforçamos muito para sermos também bons exemplos de seres humanos. 


Nós amamos muito essa cidade, parabéns Franca, que Deus continue te protegendo. E a todos que você abriga ou abrigou.


Artigo publicado no Jornal Verdade, de Franca-SP, em 28/11/2020, quando a cidade comemorou 196 anos.


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