terça-feira, 27 de novembro de 2018

Faltam 6 anos (DV-26)

Franca está próxima de comemorar 194 anos, lembro bem do sesquicentenário, fiquei todo orgulhoso, enfim foi data muito importante. Agora aparece na luz natural do túnel o bicentenário da cidade, será interessante marcar bem o evento.
Toda vez que vejo comemorar datas importantes vem à memória o espanto que tive ao passar por um marco de uma cidade espanhola, Lugo. Não acreditando no que li, voltei à uma pequena rotatória e confirmei, era um obelisco com uma placa que comemorava o bimilenário da cidade, isso mesmo, dois mil anos de vida. A cidade fundada pelo império romano tem suas primeiras atividades em 25 a.C., mas pela placa que vi em 2008, a movimentação ali é certamente anterior à esta data. Ela tem origem celta e guarda muralhas romanas de 4 quilômetros, intactas. 
E por falar em obelisco, em coluna anterior descrevi o quanto o Relógio do Sol testemunhou curiosas e importantes coisas que aconteceram ao seu redor, no progresso da nossa Franca do Imperador, como, por exemplo, a construção da igreja Nossa Senhora da Conceição, que era quase uma casinha, para o atual templo que é igreja Matriz.
Pois é, no início da praça Barão tem outro monumento importante e mais bem posicionado, além de enxergar a praça principal ele também está de olho na base do T que formam as duas praças. É ali, na Barão, que os negócios e as fofocas se sedimentam regados por um café da região, ou alimentado por um filé à JK. Sem contar o picolé caseiro de coco queimado, imperdível.
Inaugurado em 1929, em uma campanha liderada por Sabino Loureiro, o obelisco, comemora 89 anos também no próximo dia 28 de novembro, é construído no lugar onde havia um pelourinho (?), vou pesquisar sobre isso, para comemorar os 105 anos da cidade. A placa de trás descreve a doação feita por Vicente Antunes de Almeida e sua mulher Maria Francisca Barbosa, em 3 de dezembro de 1805, “as terras do patrimônio da primitiva Igreja N. S. da Conceição da Freguezia da Franca do Sertão do Rio Pardo. Inaugurado êste marco em XXVIII - XI - MCMXXIX”. 
A placa principal se refere ao histórico acontecimento e credita, entre outras coisas, a “Antônio José da Franca e Horta - Capitão General Governador da Capitania e cujo nome se deu a esta terra;” me parece que Chiachiri, em seu livro, atribuiu o nome Franca a uma outra razão, que não ao nome do capitão. Uma versão é que na época dos Bandeirantes não havia cobrança da passagem por aqui, sendo uma passagem franca (grátis), sem pedágio. Deixo para os historiadores. 

Mas vamos nos concentrar, Franca é uma cidade que preserva sua história, então tem 6 anos para bem resgatá-la nos seus 200 anos, se não será uma Lugo bimilenária, pode ser uma Franca com um belo de um bicentenário. O que acha?

Referência: 26.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 24/11/2018 - (DV-26)

A distribuição de renda (DV-25)

Uma das medidas importantes do primeiro governo Lula foi não mexer radicalmente em uma economia que vinha dando certo, a do FHC. Mas conduzir a economia de um país não é fácil, além da política há fatores externos, climáticos e corporativistas, enfim se a orquestra não tiver afinada não tem nem concerto, nem conserto.
Duas coisas me chamaram a atenção, havia um tabu: o aumento do salário mínimo acima da inflação poderia quebrar a previdência e as empresas e o país. Daí nasce um plano arrojado: atrelar o reajuste do mínimo ao crescimento do PIB - Produto Interno Bruto. Ou seja, aumentou o faturamento do país, com relação ao ano anterior, reajusta-se o salário mínimo na mesma proporção, ousado! 
A outra iniciativa foi manter e ampliar programas sociais. Com essas duas medidas não só aumentou a circulação como deslocou um pouco da riqueza, a moeda, para classes até então fora do consumo.
Pois é, com uma larga margem da população consumindo mais, toda a cadeia industrial começou a vender mais, isso aumentou o emprego principalmente no sudeste brasileiro, onde se concentra o maior número de nossas indústrias.
Sabemos que depois vieram as crises externas, as marolinhas que viraram altas ondas, e que a ajuda social desmedida - sem lastro, provoca um alto déficit, mas o depois não é o foco do nosso assunto, estamos falando de circulação da moeda.
O que queremos ressaltar é a necessidade da distribuição de riquezas, pois é exatamente a classe popular que mais movimenta a economia. Veja, estávamos em Barreirinhas, porta de entrada para os Lençóis Maranhenses, quando lá chegamos parecia aquelas cidades abandonadas em filmes do oeste americano, com aquelas bolas de capim seco rolando ao sabor do vento.
No dia seguinte tinha uma multidão chegando de todo lado, era dia de distribuição do Bolsa Família, fila na porta da Caixa, comércio movimentado, daí vimos um cidadão comprar uma sandália de dedo e jogar a dele fora, emocionante e incrível… com o choque de realidade, falei - pronto, movimentou a fábrica lá no Sul!
Melhor ainda foram as Havaianas, que deslocou a sua fabricação para Campina Grande, PA, levou a riqueza em forma de emprego.
Antes que se julgue o artigo pelos seus personagens, leia-o de novo, com o destaque para o fato de que nem sempre a história se repete, é só ver o que aconteceu de 2011 para cá, principalmente com o déficit público. Mas, que investir na miséria reinante à época foi um fato econômico importante e histórico, ah se foi. 
Vale ressaltar, por fim, que o déficit de lá para cá derrubou o PIB, que derrubou o salário mínimo e interrompeu essa história, ah essa economia, sempre digo, se fosse fácil qualquer um faria.

Que sirva de inspiração, se investir na pobreza não fosse algo humano, social e cristão, é fundamental para a saúde de um país. 

Referência: 25.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 17/11/2018 - (DV-25)

domingo, 11 de novembro de 2018

A Lei Rouanet e as fakes (DV-24)

Voltando às fake news, tem uma recente que me chamou muito a atenção, a da Lei Rouanet, que incentiva projetos culturais no Brasil, a publicação pergunta: o que é melhor, o privilégio da aplicação de tal verba para artistas corruptos, ou a de Bolsonaro - suponho ainda candidato, que a distribuiu para hospitais e casas de saúde.
Pensei com meus botões, nossa, se ele realmente tivesse feito isso, o que é impossível, teria que devolver do bolso, esse incentivo é só para a cultura, não pode ser aplicado nem na educação, nem na saúde. Mas é claro que ele nunca fez, nem nunca fará isso, é uma fake desgarrada do período eleitoral, deve ter se perdido, coitada. Por outro lado sei que a população está com a faca nos dentes com esse incentivo, por isso vamos tentar esclarecer, sem politizar, é claro.
A lei 8.313/91, que leva o nome do diplomata Sérgio Paulo Rouanet, que à época era o Secretário de Cultura, criou o Fundo Nacional da Cultura (FNC) para fomento do setor, envolvendo cinema, teatro, música erudita, grandes exposições de artes, entre outros. 
Na prática o MinC analisa se o projeto cultural se enquadra na lei, com a aprovação o artista procura o investidor, podendo ser uma empresa, um banco, ou uma pessoa física, que terá sua marca carimbada no projeto e pode descontar uma parte do valor aplicado no imposto de renda devido. Com esse recurso o evento é realizado, o responsável tem que prestar conta da aplicação do valor recebido, a fiscalização é feita pela Receita Federal.
Mas as críticas não são totalmente infundadas, há notícias de fraudes de investidores e de mau uso por muitos artistas - que, na constatação, são obrigados a devolver o que receberam, o MPF já tem inquéritos abertos por isso. Por outro lado, diversos artistas publicaram que nunca receberam nada pela lei, também foram vítimas de tais mentiras.
O atual ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse à Veja que, em 27 anos de existência, a lei permitiu a execução de 53 mil projetos. “Sem ela, nenhum museu do país estaria aberto”, mas concorda que houve desmando - 25 mil projetos estão sem prestação de contas (uau), e garante que isso, na sua gestão, acabou! Acha que a lei precisa, sim, de revisão.
Sempre achei essa lei muito importante, como também muito mal fiscalizada, mas nem imagino a sua revogação, isso arrastaria para o fim orquestras de música erudita e muitos projetos culturais importantes, além dos próprios museus, como diz o Sérgio Sá. Seria algo como acabar com o auxílio doença, ou com o DPVAT, por que tem falsários se beneficiando. 

Os setores de pesquisa, cultura, meio ambiente e esportes, historicamente, sempre são os menos beneficiados pelos orçamentos, faltam realmente recursos, então o que for destinado para eles precisa ser bem utilizados, e, mais ainda, bem fiscalizados, mas não acabar.

Referência: 24.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 10/11/2018 - (DV-24)

sábado, 3 de novembro de 2018

O coração é onde mora a alma (DV-23)

          Sábado passado falamos sobre A Voz do Coração, na esteira de “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”, dito por Cristo, hoje vamos concluir (?) o assunto.
          No sepultamento de João Paulo II, o papa  Bento XVI destacou a imortalidade da alma afirmando: "Hoje nós enterramos os seus restos na terra como uma semente da imortalidade. Os nossos corações estão cheios de tristeza, mas ao mesmo tempo de uma alegre esperança e de uma gratidão profunda”.
          Já Renato Russo, anteviu o envolvimento do coração com os riscos da depressão causados pela solidão: “Quando não estas aqui, sinto falta de mim mesmo[…] Meu coração é tão tosco e tão pobre, não sabe ainda os caminhos do mundo. Quando não estas aqui, tenho medo de mim mesmo”.
          Com a afirmação: “Lembre-se, é fácil esquecer para quem tem memória, difícil esquecer para quem tem coração…”, Gabriel Garcia Marques,  abre uma licença poética que dá ênfase ao fato de que pensamentos entram e saem da memória, mas as informações que o coração retém são mais difíceis de esquecer.
          Em um jogo rápido: "Uma boa cabeça e um bom coração são sempre uma combinação formidável” (Mandela), "É o coração que faz o caráter (Eça de Queirós), “Pena é não haver um manicômio para corações, que para cabeças há muitos (Florbela Espanca)”.
          Confúcio (550 ac) tinha o coração como espelho da alma, “examina bem os teus pensamentos, e se os vires puros, puro será também o seu coração”, afinal, “as palavras são a voz do coração”, essa unanimidade é antiga, se quer mesmo estar seguro nos seus movimentos, ouça o coração, dizem todos.
          E o ateu e mordaz Nietzsche (1870), aquele da frase “Deus está morto!”, o que pensou disso tudo? "Coração encadeado, espírito livre — Quando se amarra bem o próprio coração e se faz dele um prisioneiro, pode-se permitir ao próprio espírito muitas liberdades”. É… parece que até quem não tinha credo, acreditou na força do coração, quer soltar o espírito, prenda o coração! Quanto à morte de Deus, não é bem assim, é preciso aprofundar-se no que o alemão prussiano quis dizer.
          O que se tem de mais velho sobre religião são os sânscritos hindus Vedas de 2000 ac, mas essa data se perde já que, como no imperdível cult movie Fahrenheit 451, os sábios os recitavam para as crianças decorarem, antes de serem escritos. Dali se extrai: "O coração é onde mora a Alma do Espírito vivo, e nele se localiza a Pessoa Suprema Krishna”, reencarnacionista, completa,"a entidade viva esquece tudo o que aconteceu em sua vida anterior”, mas ela permanece nos corações, é ali que se guardam as informações, explicam.

          Para encerrar, nada como acreditar firmemente no filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1650), “O coração tem razão que a própria razão desconhece”, precisa mais?

Referência: 23.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 03/11/2018 - (DV-23)

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A voz do coração (DV-22)

                                     “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração." Jesus Cristo (Mateus 6:19-21.)

          Sempre fui muito curioso do porquê o coração é tão mencionado na demonstração dos sentimentos, tinha que ter uma lógica. Esta semana um personagem de novela disse, descobriram que o coração tem neurônios e “sente”, corri para pesquisar. Confesso que estou com vergonha de não saber disso antes: o coração tem 40 mil neurônios e é uma extensão do cérebro! A par da minha falta de conhecimento, eu posso dizer com orgulho: - Eu já sabia! Ou desconfiava.
          Se fosse defini-lo no conceito atual poderíamos dizer que tem inteligência artificial, ou seja, aprende a funcionar com as atitudes do dono, mas então ele é inteligente, não pode ser artificial, sua programação não é feita por nós.
          Para os padrões de hoje essa pesquisa já é antiga, o cientista mais mencionado é o médico Rollin McCraty  do Instituto HeartMath, na Califórnia.
Apesar de atuar como um departamento do cérebro, em algumas atividades do corpo, o coração inverte, atua de forma independente e, pasme, envia informações autônomas importantes para algumas atividades cerebrais. Num resumo muito simples, em alguns momentos de nossas necessidades físicas e sentimentais, é o coração que assume o posto de piloto principal.
          “O que as pessoas não sabem é que o coração envia mais informações ao cérebro do que o cérebro envia ao coração”, decreta McCraty.
          Nesse estudo, o estresse e a solidão, seguido da temida depressão, influenciam a saúde do coração, até aí ok, sabíamos, mas também o coração em ritmo desordenado, em dessintonia com o cérebro, pode ele provocar esses sentimentos ou até mesmo a doença.
          De forma diferente, as emoções positivas provocam um melhor ritmo cardíaco e padrões de ondas cerebrais mais harmoniosos e coerentes.
          Agora estamos na famosa encruzilhada, quem realmente sente e pensa, é o corpo, que tem o cérebro e o coração, ou a consciência que seria um atributo da alma ou do espírito? Essas máquinas maravilhosas atuam juntas, sejam de matéria tangível ou fluídica, e têm um pai só, Deus, é a Ele que temos que agradecer quando temos um corpo todo sincronizado, seja pela alma ou pelo corpo, com seu cérebro e seu coração.
          Como ainda não dominamos onde podemos chegar com a inteligência artificial , ou com a capacidade do cérebro, que utilizamos tão pouco, também o coração é algo a se descobrir. Reflita um pouco quantas vezes você já mencionou o coração para resumir seus maiores sentimentos, nem foi o cérebro, menos ainda a consciência.

          Se já está provado que o coração atua no cérebro através do sistema nervoso, campos eletromagnéticos, pulsação e hormônios, fica confirmado o julgamento que às vezes fazemos - ele não ouviu seu próprio coração!

Referência: 22.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 27/10/2018 - (DV-22)

Os lados das guerras (DV-21)

Com tanta gente “falando sério”, tenho tangenciado legal para as amenidades, algo como saber a cor dos sapatos de Dorothy, de O Mágico de Oz (1939), por exemplo. Um par desses mimosos calçados, avaliado em quase 1 milhão de dólares, foi roubado em 2005, mas ainda existem quatro unidades deles. A protagonista Dorothy foi vivida por Judy Garland, mãe de Liza Minelli. 
Minha intenção era escrever sobre a “esquerda" e a “direita” no Brasil e no mundo, mas as vertentes são tantas, que desisti. A coisa é tão confusa, que fui diferenciar democratas e republicanos nos EUA, colocando os primeiros como mocinhos, e um amigo soltou essa: - Você sabia que o partido democrata americano incitou a secessão, se associou aos sulistas, ao racismo e ao reacionarismo? Hem? Sabemos que isso mudou, até pela consagração de Barack Obama como presidente, mas Lincon era do mesmo partido de Trump. É ou não é de desistir de analisar “lados"?
Então vamos ao jogo do você sabia que…
A corrida espacial começou com a experiência da bomba/foguete alemã V-2, o seu pai, o major Wernher von Braun, capturado e levado para os EUA, ajudou a fundar a NASA e viveu para ver o homem chegar à lua. Depois de assistir milhares de mortes por infecção na 1.a guerra, o inglês Alexander Fleming se atirou às pesquisas para descobrir a penicilina.
Durante a 2.a guerra, pela enorme dificuldade de transportar sangue, Charles Drew descobriu uma forma de separá-lo entre plasma (a parte líquida) e células vermelhas, isso acabou por salvar milhares de vidas, já que permitiu o seu transporte por longa distâncias. A radiodifusão se expandiu com um encalhe de rádios na 1.a guerra, a Westinghouse montou uma antena em um bairro e vendeu os aparelhos para os moradores da região, a ação fez tanto sucesso que motivou a venda em larga escala.
Os radares tiveram seu desenvolvimento nas guerras, a invenção tem muitos pais, mas o escocês Robert Watson-Watt é um dos mais reconhecidos, suas estações evitaram muitas mortes nos bombardeios alemães ao Reino Unido. Em um momento dessas pesquisa, por causa de um chocolate que se esquentou com essas ondas, sem machucar o seu portador, Albert Wallace Hull descobriu também o micro-ondas. Os fertilizantes sintéticos são inspirados nos explosivos de nitrogênio (TNT) que, no fim da 1.a guerra, não tinham mais serventia.
Ligar os fuscas, esses carrinhos queridos, ao Hitler é uma covardia, mas fazer o quê? Ele pediu um veículo pra durar, tinha a obrigação de carregar até 5 pessoas, entre adultos e crianças, ter preço acessível, motor refrigerado a ar, uma velocidade média de 100 km, foi nomeado Volkswagen (carro do povo) e teve  22 milhões de exemplares fabricados no Brasil.
Opa, quase ia esquecendo, a cor dos sapatos de Dorothy eram rubi.

Referência: 21.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 19/10/2018 - (DV-21)

A Globo e os Espíritos (DV-20)

Ao longo do tempo, principalmente nas novelas do horário das 18h30, a trama com tons espíritas dominam os enredos na Globo. A penúltima, a Além do Tempo deu um salto de 150 anos, morreu todo mundo, é claro, mas já sabemos que o enredo continuou com as respectivas reencarnações. Foi deixado para trás o estilo inglês modelo Downton Abbey, nobreza que, apesar dominada por preconceitos e criadagens, tanto encanta. Até batizado de filho de príncipe dá notícia.
Em um momento da trama um anjo disse para outro: "Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim", referência à uma frase de Chico Xavier, provavelmente inspirada por Emmanuel, o espírito que o acompanhou praticamente por toda vida.
Esta novela veio quase na continuação de Alto Astral que, além da referência à reencarnação de Caíque e Laura, estava recheada de espíritos, alguns engraçados e curiosamente interagindo com os vivos. Muito divertida.
Há uma recordista de audiência, A Viagem (1994), com a trama envolvendo espíritos do bem e do mal, além da reencarnação também. Anjo de Mim (1996) trata de regressão, onde se descobre fatos de vidas passadas. Alma Gêmea (2005) também se refere a outras vidas para justificar amores e reproduziu o Nosso Lar, que viria ser também tema de filme.
O Profeta com essa mesma temática teve até duas versões: 1977 e 2006, neste caso a presença forte de Ivani Ribeiro, praticamente a pioneira no assunto, que, parece, tinha nesse enredo uma de suas preferências. Também em 2010 o modelo esteve em pauta com Escrito nas Estrelas, revisando também a fertilização.
Isso sem falar das produções vinculadas à emissora com os filmes O Nosso Lar e Chico Xavier, este último inspirou, como veremos abaixo, um Globo Repórter com dezenas de depoimentos de cidadãos comuns que testemunharam a veracidade das cartas de entes queridos falecidos, recebidas pelo médium.
E agora a Espelho da Vida… fui dar uma olhada no que podemos esperar, volta a questão de vidas passadas, mas, pelo que pude ver a trama está mais para regressões do que para reencarnações, ou tudo junto misturado.
Uma coisa é certa - caminhando para nona novela com esse tema, tratando do mistério de nossas vidas, ou da vida de nossos espíritos, é seguro afirmar que provoca tramas incríveis, fortes enredos. Aí há de se perguntar: é ficção?
Não é o que pensa a família Muszkat, que recebeu 54 cartas do filho Roberto, prematuramente falecido em uma operação de desvio de septo, algumas com revelações muito pessoais e em hebraico, fora do conhecimento de Chico Xavier. Liderados pelo pai Dr. David, obviamente judeu, toda a família continuou suas atividades indo à sinagoga e respeitando suas tradições. É só conferir: goo.gl/RgTVxP e, no Globo Repórter: goo.gl/E3RAeL .
Referência: 20.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 10/10/2018 - (DV-20)

Faltou um Francisco (DV-19)

Na minha última coluna, a que me lembrei de alguns Franciscos representativos ao longo da minha vida, esqueci-me de um de forma incompreensível - Francisco Cândido Xavier, o Chico. Antes que eu me chateasse, pensei, foi bom, agora posso fazer uma coluna só para ele.
Cresci ouvindo coisas sobre ele, até que, já na Mocidade Espírita, fizemos uma excursão à Uberaba em um sábado à tarde e, claro, fui conhecê-lo, aquela singeleza que todo mundo sabe tão bem retratada até em filmes. Não sei bem onde ele estava (1968, mais ou menos), mas lembro-me que contei que tinha vindo de Franca e estava ali para conhecê-lo, certamente exultante por isso.
Ele me pede - você volta mais tarde para fazermos a caminhada? Não lembro do que se tratava, mas estava ligado à assistência social, acho que era dia de distribuição de sopas. Nesse momento cometo um erro singelo, digo que sim, quando, na verdade, não voltaria, tínhamos uma atividade com a Mocidade de lá.
O tempo passou, passou, e continuei ouvindo histórias do Chico, algumas acabei utilizando numa bem humorada palestra que fiz, só sobre causos desse ilustre personagem. Uma delas foi em um aniversário, muito concorrido, todos que foram levaram um presente para ele, sendo recebidos à porta, tanta gente que a hora que último chegou os primeiros já estavam indo embora, dizem que ele chegava a machucar a mão. E aí a surpresa, cada um que se despedia ele oferecia um dos presentes que tinha acabado de ganhar. Chamado à atenção, sai ele com esta: - Ah, irmãozinho, é muita coisa para mim, já tenho o que preciso… Esse era o Chico.
Num lançamento de livro, conseguiram levá-lo a contragosto para Belo Horizonte, o livreiro esperando um CHICO XAVIER, recebe um senhor franzino, de boina, ao ser apresentado o livreiro pensou que era brincadeira dos amigos e diz - Ah, como eu gostaria que o senhor fosse mesmo o Chico Xavier, e ele solta essa: eu também!
Tem a que ele, com medo de uma turbulência em um voo, é chamado a atenção por Emmanuel, Chico insiste que estava com muito medo, Emmanuel ralha: Então morra com educação! Adiantou nada, Chico continua gritando e desabafa:  eu queria saber como faz para morrer com educação.
E comigo? O que aconteceu depois da minha pequena e inocente mentira, não voltei para a caminhada com ele. Depois de muito tempo estava na antiga Livraria Martins, no hoje calçadão, em Franca, e quem eu vejo ao meu lado? Francisco Cândido Xavier fazendo o mesmo que eu, na enorme surpresa digo: Oi Chico, um sábado fui te conhecer em Uberaba, e ele - Eu sei, você não voltou para fazermos a caminhada… Meu Deus, para quem fui mentir. Ele perguntou se eu daria uma volta com ele, eu disse que sim, passou o seu braço por dentro do meu e fomos caminhar pela Praça Nossa Senhora da Conceição.

Referência: 19.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 29/9/2018 - (DV-19)

Francisco (DV-18)

Ganhei uma crônica do amigo Galeno Amorim por ser um Contador de Histórias, e é verdade, vejo que não sou muito bom para reuniões sérias e rápidas, gosto de contar histórias, e isso faz perder tempo. Mas o fundamento da crônica era sobre os meus Franciscos, lembrando que também sou Francisco.
Primeiro um descendente de escravos que morava na Fundação Allan Kardec, sô Chico estava curado de algum suposto problema psiquiátrico mas não tinha para onde ir, o então asilo, como bom espelho do espiritismo, o acolheu para sempre. Um maestro com as palavras Galeno o descreve: “O velho Francisco dominava algumas artes, uma era a de brincar com as palavras”, a outra o esmero por recuperar latas velhas transformando-as, colocava alças transformando-as em canecas. Apesar da forte oposição do sr. José Russo, eu adorava passar minhas tardes ouvindo suas histórias.
Um outro Francisco era o sr. Chico Cintra, também do Allan Kardec, pai da Shirlei e do Wanderlei, que também foi provedor da casa. Sô Chico foi responsável por uma das maiores fases de entretenimento da minha vida, e de muitos francanos, internados lá, ou não. Ele era responsável pelo cineminha, uma sala de projeção de filmes com uma máquina 16mm. Ali pude assistir cult movies imperdíveis, como O Fantasma da Ópera, no original, mas não faltavam as séries do Batman e Robin, Roy Rogers e o seu cavalo Trigger, o solitário Zorro e seu aiô Silver, Tarzan, Jane e o Tonto, e por aí vai.
Tem o Francisco, que também é Buarque de Holanda, no nosso programa radiofônico Horário Nobre, da década de 1970, nunca faltou. Dizem que ele e Caetano são os dois letristas que melhor reproduziram a alma feminina na música brasileira.
E o Francisco, o papa? Dois já tinham me chamado a atenção pela simpatia, os João Paulo I e o II, este último pude vê-lo de perto em Buenos Aires, sua obstinação para unir os povos foi contagiante.
Já o papa Francisco explode em simpatia, com algumas tiradas como, “não temos rivalidade, o papa é argentino, mas Deus é brasileiro”, se alguém falasse da mãe dele ele partiria para a briga e que não gosta do papa móvel por que não se vai a uma casa de amigos numa caixa de vidros. Espontâneo!
Em uma entrevista para Gerson Camaroti, quando esteve no Brasil, disse para os jovens: - Não fiquem vendo a vida passar, vão à luta, Jesus, com todas as dificuldades - e quantas, foi à luta para alcançar seus objetivos. Para notícias de escândalos - Faz mais ruído uma árvore que cai do que um bosque que cresce.
Disse algo emocionante, que serve para todas as doutrinas cristãs: A Igreja é mãe, não conhecemos mãe por correspondência, mãe toca, beija, ama, as pessoas buscam e sentem a falta do Evangelho, uma mãe cuida, acaricia e alimenta, mas não por correspondência.

Referência: 18.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 22/9/2018 - (DV-18)

Millecinquecento (DV-17)

Em um jogo de perguntas com a netinha, na qual se roda uma caneta, e quem fica na direção da ponta responde, perguntei - Quem descobriu a América, depois  o Brasil e por fim o nome das caravelas. Acabei me lembrando dos anos 1500 e tudo que aconteceu em volta deles.
Sou muito curioso com as explosões pontuais de fatos na linha do tempo da história, no aspecto religioso algumas me chamam a atenção, Moisés, com a libertação do povo israelita, recebendo as Tábuas da Lei de Deus, contendo os Dez Mandamentos, falo em minhas palestras que ali nasceu uma constituição e a maior das cláusulas pétreas: existe um só Deus, o criador de todas as coisas.
O segundo fenômeno dividiu até o calendário, foi anunciado com grande antecedência, acompanhado por santos e humanos, brinco que o nascimento de Jesus foi uma verdadeira conspiração dos céus, não podia ser diferente, com alguém de tanta importância. Sua mensagem foi tão forte que se multiplicou muito mais, proporcionalmente, do que as que viralizam em minutos hoje. 
E tem diferença, essas últimas somem, as que Jesus deixou até hoje propagam e ainda as estudamos, e olha que não tem nada difícil, tudo está em torno do amor, amar ao próximo como a ti mesmo, perdão indiscriminado, caridade, respeito à diversidade… revolução que ainda ecoa.
O espiritismo também teve uma enxurrada de fenômenos extra-materiais no mundo todo, até que Allan Kardec se convencesse que havia mais coisas no céu - e no universo, do que aviões de carreira.
E os anos próximos a 1500, razão desse artigo?  Esse período teve uma real explosão de fatos que modificaram a história, bastante creditados ao renascentismo, o movimento já existia, mas foram nesses anos que os resultados mais apareceram. 
Ainda no campo da religião, em outubro de 1517, o alemão Lutero lidera o início da Reforma Protestante, o movimento repercute na Suécia, Dinamarca e países baixos. Surgem na esteira o Calvinismo na Suíça e a Anglicanismo na Inglaterra.
Os descobrimentos na América são atribuídos à renascença pelo “surgimento de novas ideias”, segundo os historiadores. Errando caminho das Índias tanto Cristovão Colombo (1492), como Pedro Álvares Cabral (1500) ampliam em muito o mundo conhecido.
A navegação interligou  o mundo, globalizou o comércio e motivou a revolução industrial, tendo como pioneiros Portugal e Espanha, o maior destino eram as Índias, entre outros no oriente e Ásia. Em 1498 o português Vasco da Gama faz a navegação com mais resultados até então.
Voltaremos ao assunto, principalmente por causa da Mona Lisa - Leonardo da Vinci, 1503, está no Louvre; as esculturas A Criação de Adão e Juízo Final - 1511, parede e teto da Capela Sistina - Vaticano - de Michelangelo, e a minha grande paixão a Pietà - 1499, também no Vaticano, obras que ainda podem ser visitadas, aliás, está última tem réplica na Catedral de Brasília.

Referência: 17.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 19/9/2018 - (DV-17)

Maurício, o prefeito 100% (DV-16)

Não é bem assim…  Não existe administração com uma unanimidade dessas, impossível. Nem na Escandinávia a satisfação é plena, relacionaram uma série de carências por lá, e não é para menos, é o normal.
Na primeira gestão de Maurício Sandoval Ribeiro (1977-1982), que faleceu com 77 anos, em 18/6/2017, ele colecionou um bocado de cifras altas, algumas superiores a 100%. Fiz a assessoria de imprensa dele à época, quando Realindo Jr. assumiu a chefia de gabinete, Higinote me indicou.
Mas não pelos números, que deixo para fechar essa coluna, gosto de lembrar dele como pessoa, aliás, uma simpatia encarnada. Tinha uma técnica que sempre difundi, quando ia visitar uma obra, ou inaugurá-la, convidava sempre um assessor diferente, daí aproveitava para trocar ideias e, ao mesmo tempo, fazer com que todos falassem a mesma língua, além de constatar in loco o que sua administração fazia.
Além de uma frase que nunca mais esqueci, fechava sempre a janela da sala de reunião, e não faltava: “prefiro um exército pela frente, que um vento pelas costas”, rsss. Mas lembro dele todo início de setembro, todos. "Se tem brochove?” (sic) - Hem?!? Ele saiu-se com essa, hoje fica fácil de decifrar, sim… em setembro chove, ao menos esperamos. E dava suas risadas, ficava triste, quando tinha que ficar triste, espero que entenda… ele não gostava de ficar triste.
Adorava sua equipe - uma hora me dedico aos personagens dessa época (Chiachiri, Weber, Álvaro Azzuz), foi fruto de uma renovação política francana, e quase conseguiu, já que a ele foi instado a intermediar a pauta na região, mudar a capital do Estado de São Paulo para Bauru, o ex-governador Paulo Maluf mudou seu gabinete para Franca para tentar esse apoio. Não sei teria sido bom, mas se tivesse dado certo, a batida do martelo teria sido dada em nossa cidade.
Quando o mencionei em entrevista, confessando que ele foi uma das maiores personalidades que convivi, se surpreendeu, fez uma longa carta, com detalhes que só um amigo guarda, como, por exemplo, ele deixar tudo para ir a uma escolinha de pré, no Jardim do Éden, para abraçar meu filho no dia do seu aniversário, ele se perdia nessas pequenas coisas. Tem como esquecer?
E a porcentagem que eu me referi, não cabe aqui, mas vamos lá, Franca tinha 44% de água encanada, saltou para 98%, colocou 72 km de galeria pluviais, falavam que era louco, “enterrando dinheiro", que isso “não aparecia”. Dobrou a metragem de ruas asfaltas, pavimentando mais um milhão de metros quadrados, elevou a reserva de água de 6 para 25 milhões de litros.
As casas do Leporace foram entregues no seu mandato e terminou com a glória de seu pai Jeová, a quem tanto dedicava sua fé, de ter asfaltado uma estrada interestadual, a Franca a Ibiraci, um grande troféu. 

Referência: 16.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 01/9/2018 - (DV-16)

Pedroca, um idealista olímpico (DV-15)

Pedroca, entrevista FSP 10-4-1983
    Tem certas pessoas que guardamos no fundo do coração por as ter conhecido, certamente uma dessas, para mim, é o Pedro Morilla Fuentes, o Pedroca, hoje nome do estádio do basquete francano, o templo Pedrocão.
    Mais que ser apenas um conhecido, valeu muito ter convivido com ele, e já posso adiantar o objetivo deste artigo, nunca convivi com uma pessoa tão idealista como ele, todas as vezes que tinha o direito da palavra defendia uma tese de massificação e excelência do esporte, muito mais pelo basquete, é claro.
    Um currículo de dar inveja, entre os feitos ter sido 7 vezes campeão brasileiro e 2 vice-campeão mundial, sei que isso vai além, mas, confesso que, em sistema de busca comum, não há nada do Pedroca na Internet, pensei que ia tirar essa de letra - a consulta das estatística, mas nada, de 3 páginas encontradas uma tinha um parágrafo - Wikipédia, as outras já foram tiradas do ar.
    O primeiro contato com Pedroca foi no ginásio, no IEETC, onde ele era professor de educação física, começo dos anos 1960, quando os professores ainda tinham “cadeira”, ganhavam relativamente bem e eram muito reconhecidos, os alunos dessa época recitam a seleção de seus professores, como os entendidos sempre sabem a escalação de época dos grandes times de futebol.
    Com ele fazíamos sempre demonstração de ginástica de solo, um modelo jurássico da ginástica olímpica, quantas vezes nos apresentamos no Clube dos Bagres, para os alunos mais treinados ele acrescentava aparelhos que tínhamos que saltar e fazer rolamento ao cair. Nessa modalidade fui como reserva da equipe francana nos jogos estudantis (não lembro se eram os jogos abertos do interior). Da equipe me lembro do Ivan Gato (por ser ótimo goleiro de futsal) e dos irmãos Moge, o mais novo se machucou e eu fui escalado, viemos vice-campeões do estado.
Em 1983 estivemos com ele no Sul-americano (Guerra das Malvinas)
- Última vez que o Hélio Rubens jogou internacionalmente - Pela FSP
    Mas aí tem uma confissão, acho que ele me convocou por ter utilizado um dos aparelhos, chamado Plinto, e dado um salto mortal, girando o corpo todo uma vez no ar, levei uma baita bronca dele (isso era fácil, nunca negava). Detalhe, na verdade errei o salto, tinha que pular o aparelho e cair rolando do outro lado, não medi corretamente a distância e improvisei, valeu, depois da bronca uma medalha no futuro.
Clique na figura e leia a entrevista na íntegra
    Com a morte do Frias, da Folha de S. Paulo, me lembrei que havia entrevistado Pedroca como correspondente em Franca daquele jornal, a entrevista ocupou dois terços da página de esportes, em edição nacional. Ela foi publicada em 10 de abril de 1983, ele tinha acabado de deixar de treinar o time francano, aparentemente cansado, um pouco desiludido com a condução do esporte no país, disse que devia ter saído antes, principalmente para dar ao Hélio Rubens a chance da continuidade. Segundo Pedroca, Hélio já estava pronto há tempos.
     Dentro de seu ideal olímpico, queria ocupar todas as praças, fossem ou não esportivas, elogiava Cuba pelo seu desempenho, à época, nesse sentido, achava que, sem isso, jamais teríamos um basquete no nível do americano, isso realmente o entristecia. Na entrevista criticou a elitização dos esportes, principalmente a CBB, que investia todos seus recursos nos melhores jogadores, sem formar as bases.
    Foi diretor de esportes da Prefeitura, ao encerrar a carreira de treinador, e sempre me ligava, ele foi casado com uma prima, isso o levou a um grau de amizade que me orgulho muito!

Referência: 15.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 28/8/2018 - (DV-15)

Qual é o tamanho de Franca? (DV-14)

        Depois que passei um longo período fora de Franca, ao retornar, sempre achava curiosa a forma que alguns amigos reclamavam dela, da Terra das 3 Colinas. Normalmente é por comparação, é compreensível.
         São Paulo é melhor que Nova Iorque? Minha opinião? Em muitas coisas, culinária, vida noturna eclética, por demais eclética. Cada uma tem suas vantagens e… seus defeitos, esse não é o sentido da coluna.
reprodução 


        Essa síndrome do ser grande, querer ser maior, principalmente comparando com a cidade vizinha, é coisa nossa. Mais ou menos como o fast americano e slow europeu. Dizem que herdamos mais dos americanos do que deveríamos herdar dos europeus, dos quais descendemos muito mais do que da América.
O americano por mais que corra, e tenha posses, mais corre e mais quer, regra geral o europeu, principalmente na Escandinávia, tem a vida simples como cultura, mora em uma casa, que deve ter sauna, e tem um carro, o outro veículo é uma bicicleta, veículo para todos os gostos, cabe a família, bebê, cachorro, até cobertura para chuva, e só. Região do mundo com maior qualidade de vida, em qualquer estatística.
        Com isso, sem correrias e com simplicidade, é mais fácil humanizar as coisas, é como com seu veículo, sempre terá alguém que terá um com mais potência que o seu, ou os que, com menos potência, terá mais habilidade para dirigir - e correr - mais que você, relaxa, os minutos que perder serão piores que os minutos que perde com estresse. 
        E o que tamanho de Franca tem a ver com tudo isso?
         Pois é, aí que está o segredo: Franca é uma cidade com povo bom, simples e humano?
        Se conseguir responder que sim, pode até pensar um pouco, mas um grande passo já foi dado. 
        Nem por isso Franca é uma cidade ‘pequena’, pesquisa não oficial a coloca com uma projeção de 347.327 habitantes (*), sabe o que isso quer dizer?
             Ela seria a 17.a cidade da Alemanha, maior que Bonn e estaria nas estatísticas daquele país por ser uma das 20 maiores. 

Seria a 5.a cidade da França, maior que Lille e Dijon, certamente estaria no centro das decisões administrativas dos bleus

Seria a 9.a cidade da Itália, maior que Verona e Veneza, paro por aqui, mas é uma diversão legal para você fazer, qual é o tamanho de Franca?
         Bom, agora vem a turma do - mas falta um shopping grande, talvez seja esse um dos argumentos que mais me derrubam, a falta de mais representatividade em marcas famosas, mas caímos na mesma armadilha, que também vale para os espetáculos culturais, Nova Iorque tem mais que São Paulo, que tem mais que Campinas, que tem mais que Ribeirão Preto, e assim vai.
        Sem contar que, sem grandes marcar em um grande shopping fortalece o comércio da cidade, de propriedade dos francanos.
         Voltamos à estaca zero, ser muito grande ou viver bem? 
        Parece que isso está resolvido a milênios na Europa, com suas centenas de milhares de condados, ou vilas, como se quiser denominar. O que será pensam disso os moradores das pequenas cidadezinhas dos Alpes Franceses?
         Eu sei que a Terra do Imperador, que se não foi dele, ele perdeu muito, tem uma culinária invejável, músicos de ponta em todos os ritmos, desviando de falar de duplas sertanejas muito famosas, ainda que mereçam elogios, e uma exuberante natureza cercada de lagos e fazendas centenárias.
        Sem contar estar no topo de todas as estatísticas de qualidade de vida do país. Seja no saneamento básico, telecomunicações, emprego e renda per capta. 
        Vale ressaltar que as cidades realmente grandes tem poluição, ocupação ilegal de imóveis e aumento de criminalidade.
        Então, como se sente morando em uma das maiores cidades do mundo?  

(*) População estimada IBGE em 2021 - 358.539 habitantes 

Referência: 14.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 23/8/2018 - (DV-14)

O jogo e o trono (DV-13)

A série televisiva que mais causou impacto nos últimos tempos, sem dúvida nenhuma, foi a Game of Thrones, no ar desde 2011, com dez episódios por ano, só a temporada do ano passado teve produzidos apenas 7 episódios. A última temporada, prevista para o ano que vem (2019), tem apenas 6 capítulos previstos, os fãs já choram seu fim.
Acompanhar séries tem também suas pegadinhas, uma outra super produção, a Marco Polo, com duas temporadas de 10 episódios cada uma, foi cancelada no seu desfecho, com US$ 200 milhões de prejuízo. Maior prejuízo tiveram os assinantes da Netflix, foi uma produção e tanto, se tivesse fim, seria imperdível. Mas quantos filmes ‘sem fim’ já assistimos? Rsss.
Hoje tem série para tudo quanto é gosto, com qualidade fantástica, algumas já em 4K, troca de corpos, canibalismo… nessa a Santa Clarita Diet é ousada, indo para sua terceira temporada, parece que agradou, não assisti.
Também ousada e com um enredo de primeiríssima qualidade, situando-se na medieval alta Escócia - Celta, Outlander é densa e envolvente, daquelas produções que reúnem um pouco de tudo, bruxaria, romance, guerra, intrigas, belas locações e boa trilha sonora, aliás a magnífica música de abertura da novela Que Rei Sou Eu, lembra muito a música de abertura dessa série, assim como se supõe que a novela teve também uma certa inspiração na Game of Thrones, pelo formato e a quantidade de reinos.
Ainda na linha de histórias no reino unido, quem gosta de acompanhar a vida de príncipes e princesas pode se surpreender com a The Crown, coleciona prêmios Globo de Ouro e elogios pela interpretação de Claire Foy, no papel de Elizabeth II, aliás a série é exatamente sobre ela. Chamou a atenção também o Winston Churchill vivido por John Lithgow. Além dos critérios normais de análise dos críticos, como direção, roteiro e fotografia, destaca-se a precisão histórica.
Antes íamos no cinema para viajar no tempo através da imaginação, hoje isso pode ser feito em casa, com a chance de poder assistir os seriados de uma vez só, capítulos e temporadas.
Nessa viagem temos a mediana (*) Star Trek e a previsível Perdidos no Espaço, ambas aventuras juvenis, mas com a costumeira qualidade. A última revive a família Robinson do seriado dos anos 1960, Lost in Space, ambas de ótima diversão.
Muito vem cotada, recentemente, temos La Casa de Papel, que ainda estamos assistindo, mas é possível também destacar mais duas séries muito interessantes, Black Mirror, que tem a vantagem de ter histórias completamente independentes em cada capítulo, ficção impactante com os modismos - e vícios atuais, como as redes sociais, por exemplo, e a 3%, que é brasileira, essa vale pela curiosidade.

Concluindo duas séries bem distintas, a Designated Survivor, da linha das conspirações americanas, principalmente com integrantes da Casa Branca e seus presidentes, que tem a tarefa difícil de manter o pique - muito bom, da primeira temporada, parece que não vai ser possível, e a canadense Anne com E, essa uma água com acúcar, seção da tarde consagrada, hehehe, mas imperdível para quem gosta do gênero, principalmente pela brilhante jovem atriz principal, Amybeth McNulty e o tamanho do roteiro que colocaram em sua mão.

Referência: 13.a coluna publicada no Verdade, jornal diário de Franca - SP - em 15/8/2018 - (DV-13)

(*) No artigo original atribui o adjetivo de 'mediana' para Star Trek, vou manter, o correto aqui é manter a opinião do dia que escrevi, mas é impactante, um roteiro que deve ser muito difícil de escrever, com línguas alienígenas, que nem sei de onde tiram com essa qualidade, e muuuitos efeitos especias. Vale. (25.4.2019)